O presidente da Câmara dos EUA, Mike Johnson, afirmou que há “grande preocupação” no Congresso sobre um possível acordo para a venda do TikTok, revelado nesta semana após negociações em Madri entre autoridades norte-americanas e chinesas. Ainda sem detalhes completos, o acordo visa a transferência das operações do aplicativo para um consórcio liderado por empresas como Oracle, Andreessen Horowitz e Silver Lake.
Questionamentos sobre segurança e influência chinesa no TikTok
Johnson destacou que o aplicativo “é uma plataforma perigosa”, por ser mal utilizada e abusada. “Queremos garantir que o acordo atenda aos objetivos de evitar riscos à segurança nacional”, afirmou em entrevista à CNBC nesta quarta-feira. Parlamentares como o republicano Markwayne Mullin expressaram preocupações com o fato de o algoritmo e os centros de dados do TikTok ainda poderem estar sob controle chinês.
O senador Richard Blumenthal, democrata de Connecticut, também ressaltou a necessidade de fiscalização: “Devemos assegurar que ByteDance, controlada por Pequim, não tenha influência sobre o algoritmo ou os dados dos usuários americanos”. A preocupação é que o Partido Comunista Chinês possa manipular a plataforma de modo a coletar informações e influenciar a opinião pública.
Impacto na segurança nacional e o risco de dependência tecnológica
Para os críticos, a tentativa de venda não elimina completamente os riscos, especialmente pelo fato de o código-fonte e o suporte técnico permanecerem na China. O democrata Mark Warner, presidente do Comitê de Inteligência do Senado, comentou que o controle do algoritmo pelo regime chinês ainda representa uma ameaça. “Precisamos que o acordo proteja os interesses americanos e não apenas transfira a dependência para o Vale do Silício”, completou.
Reações e tendências globais
O debate ocorre num momento em que o governo dos EUA busca equilibrar o combate às ameaças de segurança e a proteção dos direitos dos usuários. Enquanto isso, o TikTok mantém seus cerca de 150 milhões de usuários nos Estados Unidos, enfrentando críticas por conteúdos inflamatórios e por alegações de manipulação de opinião publica, especialmente após ataques do Hamas em outubro de 2023.
Em todo o mundo, países também reforçam suas ações contra a plataforma, como a China, que ordenou recentemente a interrupção de compras de chips de IA da Nvidia, apontada como tentativa de controlar tecnologias estratégicas. Ainda assim, a plataforma busca mostrar avanços na proteção de dados, com iniciativas como o “Projeto Texas”, desenvolvido em parceria com Oracle para proteger informações nos EUA.
Perspectivas futuras
Ainda sem uma conclusão definitiva, o acordo de venda do TikTok nos EUA ainda depende de aprovação pelo Congresso e de uma avaliação detalhada dos riscos envolvidos. Os investidores norte-americanos manteriam uma participação significativa na nova estrutura da ByteDance, enquanto a empresa chinesa reduziria sua presença para menos de 20% do negócio.
A discussão evidencia a complexidade do desafio de equilibrar inovação tecnológica e segurança nacional em um cenário cada vez mais globalizado e digital.