O Papa Leo XIV, em sua audiência geral nesta quarta-feira (17), condenou as “condições inaceitáveis” enfrentadas pelos civis em Gaza e solicitou um cessar-fogo imediato, a libertação dos reféns e esforços renovados em direção a uma solução diplomática negociada, respeitando o direito humanitário internacional.
Clamor por paz e respeito aos direitos humanos
Durante a audiência, o pontífice afirmou que “expresso minha profunda proximidade ao povo palestino em Gaza, que continua vivendo com medo e em condições inaceitáveis, sendo forçado a deixar suas terras”. “Diante de Deus Todo-Poderoso, que ordenou ‘Não matarás’, e na memória de toda a história, toda pessoa possui uma dignidade inviolável, que deve ser respeitada e protegida”, destacou.
Leo XIV renovou seu apelo por um cessar-fogo e pela libertação dos reféns, pedindo que tais ações ocorram com plena observância da lei humanitária. “Convido a todos a unirem-se à minha oração sincera para que uma aurora de paz e justiça possa surgir em breve”, enfatizou.
Diálogo com a comunidade internacional
No dia anterior, ao retornar da villa papal de Castel Gandolfo, Leo XIV comentou em entrevista que mantinha contato com o padre Gabriel Romanelli, pároco da Paróquia Sagrada Família em Gaza, destacando a preocupação com a ausência de alternativas para os civis.
“Muitos estão sem destino, e essa é uma grande preocupação”, afirmou o Papa. “Por ora, resistem e desejam permanecer, mas é necessário que seja encontrada uma solução real”.
Posição sobre tensões internacionais
O pontífice também repudiou alegações de Moscou de que a OTAN teria começado uma guerra contra a Rússia, ressaltando que a preocupação com violações do espaço aéreo polonês é grave. “A preocupação é grande”, declarou.
Catequese sobre a Vigília de Sábado Santo
Na sua catequese, como parte da série “Jesus Cristo, nossa esperança” pelo Jubileu 2025, Leo XIV refletiu sobre o mistério do Sábado Santo, dia em que Cristo permaneceu na tumba.

“Jesus, o Filho de Deus, jaz na tumba. Mas essa ‘ausência’ não é vazio: é expectativa, uma plenitude contenida, uma promessa guardada na escuridão. É o dia do grande silêncio, em que o céu parece mudo e a terra imóvel, mas é justamente ali que o mistério mais profundo da fé cristã se realiza. É um silêncio cheio de sentido, como o ventre de uma mãe que carrega seu filho ainda não nascido, mas já vivo”, afirmou.
O Papa destacou que Jesus foi colocado em um túmulo no jardim que remete ao Éden perdido, sinalizando uma nova criação. “Esse túmulo, nunca utilizado, fala de algo que ainda acontecerá: é uma passagem, não um fim”, explicou.
Segundo Leo XIV, o sábado santo também é dia de descanso. “O Filho, após cumprir sua obra de salvação, descansa. Não porque está cansado, mas porque amou até o fim. Não há mais nada a acrescentar. Esse descanso é o selo da tarefa concluída; é a confirmação de que tudo o que devia ser feito foi realmente realizado. É um repouso cheio da presença oculta do Senhor”.
Reflexões sobre o tempo de espera e a confiança em Deus
O pontífice contrapôs essa ideia ao ritmo da vida moderna, marcada pela ansiedade de resultados rápidos. “Lutamos para parar e descansar. Vivemos como se a vida nunca fosse suficiente. Corremos para produzir, provar a nós mesmos, acompanhar o ritmo de muitos. Mas o Evangelho nos ensina que saber parar é um ato de confiança que devemos aprender”, afirmou.
Ele descreveu Jesus na tumba como “a face meiga de um Deus que não ocupa todo o espaço. É o Deus que deixa as coisas acontecerem, que espera, que se retrai para nos dar liberdade. É o Deus que confia, mesmo quando tudo parece acabado”.

“Nosso tempo de pausa, de silêncio, também produz vida nova, como uma semente na terra ou a escuridão antes do amanhecer. Deus não tem medo do passar do tempo, porque é Senhor também do esperar. Assim, até nossos momentos de aparente inútilidade podem se tornar o ventre da ressurreição”, refletiu.
Leo XIV destacou que Jesus no túmulo representa “a face tranquila de um Deus que não ocupa todo espaço. Ele é o Deus que deixa as coisas acontecerem, que espera, que recua para nos dar liberdade. É o Deus que confia, mesmo quando tudo parece acabado”.
Ao finalizar, o Papa lembrou que “a verdadeira alegria nasce da expectativa interiorizada, da fé paciente e da esperança de que o que vivemos com amor certamente ressurgirá para a vida eterna”.
Como de costume, Leo XIV abençoou os fiéis na Praça de São Pedro, onde muitas famílias se reuniram para receber sua bênção. O dia também coincidiu com a celebração de São Roberto Bellarmino, padroeiro do Papa, comemorada como feriado na Santa Sé.
Esta reportagem foi inicialmente publicada por ACI Prensa, parceira de notícias em espanhol da CNA, e posteriormente traduzida e adaptada pelo CNA.