As cotações do café no mercado internacional atingiram níveis próximos aos recordes históricos, impulsionadas pela sobretaxa dos Estados Unidos sobre o Brasil e pela seca que impacta as regiões produtoras brasileiras. Nesta terça-feira, o contrato mais negociado de café arábica em Nova York atingiu US$ 4,24 por libra-peso, pouco abaixo do recorde de US$ 4,2995 registrado em fevereiro.
Cenário de alta impulsionado por tarifas e escassez de oferta
Desde o início de agosto, os contratos de café subiram cerca de 50%, diante da preocupação de que a próxima safra brasileira não será suficiente para recompor os estoques já em queda. A sobretaxa de 50% aplicada pelos EUA ao Brasil foi divulgada em julho e entrou em vigor em 6 de agosto, contribuindo para o aumento dos preços.
Impacto das tarifas americanas e redução de exportações
De acordo com a analista da Hedgepoint Global Markets, Laleska Moda, as compras de café aumentaram após a divulgação dos dados de exportação do Brasil referentes a agosto, que mostraram uma queda nas remessas de arábica. “Os embarques do Brasil estão diminuindo, especialmente para os EUA, devido às tarifas impostas”, explica.
Além disso, os estoques certificados de arábica nos armazéns monitorados pela bolsa caíram para o menor nível desde abril de 2024, indicando uma escassez de oferta que pressiona os preços para cima. Enquanto isso, o mercado permanece atento às previsões meteorológicas para o Brasil, principal fornecedor mundial.
Previsões meteorológicas e condições de safra
A trading Sucafina prevê um retorno sazonal das chuvas no Brasil nesta semana. No entanto, as precipitações previstas até agora ainda são consideradas insuficientes para aliviar a seca e restaurar a umidade do solo nas regiões do Sudeste, de acordo com a meteorologista da Climatempo, Nadiara Pereira.
O aumento da volatilidade no mercado levou a Intercontinental Exchange (ICE), bolsa responsável pelos contratos futuros de café, a elevar na segunda-feira os requisitos de margem para posições de arábica, uma medida padrão para mitigar riscos em períodos de instabilidade.
Consequências para o mercado e perspectivas
O cenário atual evidencia a vulnerabilidade da commodity diante das condições climáticas adversas e das tensões comerciais. O reforço na alta do café deve impactar os preços ao consumidor final e reforçar a importância de estratégias de hedge por parte dos exportadores.
Mais detalhes sobre os fatores que elevaram os preços do café podem ser encontrados na reportagem do O Globo.
