Em uma decisão que traz um pouco de alívio à família de Othoniel Fialho Sousa, quatro homens foram condenados a penas que somadas superam 50 anos de prisão pela morte do adolescente, que foi atacado em 2019 após um jogo de futebol em Fortaleza. O julgamento, que teve início na segunda-feira (15) e se estendeu pela madrugada desta terça-feira (16), foi marcado por tensões e emoções intensas.
A tragédia que chocou Fortaleza
O incidente ocorreu no Bairro Siqueira, quando Othoniel, então com 15 anos, voltava de uma partida entre Ceará e São Paulo, realizada na Arena Castelão. Na ocasião, ele estava acompanhado de três amigos e, assim que desceram do ônibus, foram abordados por um grupo de pessoas em carros. O jovem, vestindo a camisa de uma torcida organizada do Ceará, foi brutalmente agredido com socos, chutes, e golpes de barras de ferro e pauladas. Infelizmente, Othoniel não resistiu aos ferimentos e faleceu dois dias depois, no hospital.
O caso ganhou destaque não apenas pela brutalidade do crime, mas também pela rixa entre as torcidas organizadas dos times do Ceará e do Fortaleza, como apontou a denúncia do Ministério Público. Segundo as autoridades, ao todo, seis indivíduos estiveram envolvidos na agressão, mas apenas quatro foram condenados, enquanto um deles faleceu durante o processo.
Justiça para a família
A ausência de justiça vinha sendo uma agonia para a família de Othoniel, que aguardava ansiosamente pela condenação dos responsáveis pela morte do adolescente. Com as penas definidas, a expectativa é que o processo sirva também como um aviso à sociedade sobre a violência ligada ao comportamento das torcidas organizadas.
As condenações foram as seguintes: Rawel Felipe Carneiro e Francisco Everton de Sousa Silva receberam penas de 25 anos e 4 meses de prisão cada um, por homicídio triplamente qualificado e tentativa de homicídio contra o amigo de Othoniel; Rosinaldo Ferreira Abreu foi condenado a 6 anos e 4 meses em regime semiaberto por tentativa de homicídio e associação criminosa; e Francisco Flávio de Aguiar Júnior a 1 ano e 3 meses em regime aberto, também por associação criminosa. A absolvição de Shirley Maria Coelho Abreu e a morte de Gilberto Leandro da Silva Fernandes durante a instrução criminal foram outros desdobramentos do caso.
Um clamor por mudanças
A morte de Othoniel Fialho Sousa expõe um problema maior na sociedade brasileira: a violência associada ao fanatismo por times de futebol. Torcidas organizadas, que deveriam promover a paixão pelo esporte, muitas vezes se tornam palco de agressões e rivalidades desmedidas. A família de Othoniel, em suas declarações, enfatiza a necessidade de uma mudança cultural, pedindo mais atenção na prevenção a esses tipos de incidentes, especialmente entre os jovens.
O futuro das torcidas organizadas
É imprescindível que se reveja a forma como as torcidas organizadas operam. Medidas de segurança mais eficazes nos estádios, assim como campanhas contra a violência, podem ajudar a mitigar esse problema. O clamor da família de Othoniel deve ser ecoado pela sociedade, em busca de um ambiente mais seguro e respeitoso para todos os torcedores. A condenação dos responsáveis pela morte do adolescente é um passo, mas a verdadeira mudança ainda está por vir.
A esperança é que casos como o de Othoniel não se repitam e que o futebol, um dos maiores orgulhos do povo brasileiro, possa voltar a ser apenas uma fonte de alegria e união, ao invés de dividir e promover a violência.
Por fim, a família de Othoniel, ainda em luto, espera que a Justiça sirva como exemplo e não como um mero recado para questões que precisam ser discutidas nesta sociedade, que anseia por paz nas arquibancadas e nas ruas.