Na noite de ontem, o ex-delegado Ruy Ferraz Fontes foi assassinado em Praia Grande, São Paulo, em um ataque orquestrado por um grupo de homens armados. A morte de Fontes, que ficou conhecido por sua atuação contundente contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), gerou uma onda de críticas direcionadas ao governo do estado, liderado por Tarcísio de Freitas (Republicanos). A falta de proteção oferecida ao ex-delegado, mesmo após anos de combate ao crime organizado, é o cerne da indignação expressa por diversos representantes da esquerda e pela sociedade civil.
O assassinato
Fontes foi alvo de uma emboscada na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinha, onde seu carro foi perseguido e, após uma colisão com um ônibus, foi atacado por homens armados. Imagens do crime que circulam nas redes sociais mostram o momento da perseguição e o atentado, intensificando a apreensão em torno da segurança pública no estado. Uma força-tarefa foi criada pela Polícia Civil de São Paulo para investigar o caso e capturar os responsáveis pelo assassinato.
A atuação de Ruy Fontes e a falta de proteção
Durante sua carreira, Ruy Ferraz Fontes se destacou por investigar a estrutura e operações do PCC, indiciando figuras impressionantes dentro da facção, como Marco Willians Herbas Camacho, o conhecido Marcola. Sua luta contra o crime organizado rendeu-lhe reconhecimento, mas, no entanto, a proteção que deveria ter sido oferecida pelo estado falhou. Em uma recente entrevista, concedida a um podcast, Fontes expressou sua preocupação com a possibilidade de ser alvo de ataques, alertando que, apesar de nunca ter recebido ameaças diretas da facção, se sentia vulnerável. “Eu moro sozinho em Praia Grande, que é no meio deles”, disse, referindo-se aos integrantes do PCC.
Reações e cobranças políticas
A morte de Fontes não passou despercebida pela classe política. A deputada federal do PSOL-SP, Erika Hilton, usou suas redes sociais para questionar a razão pela qual o ex-delegado “perdeu espaço na polícia assim que Tarcísio assumiu o governo”. Hilton lembrou que ele havia sido o delegado-geral da Polícia Civil no governo de João Doria e, mais recentemente, atuava como secretário de administração municipal em Praia Grande. Ela destacou a falta de proteção oferecida a um dos principais combatentes do crime organizado no estado.
O ministro da Agricultura, Paulo Teixeira, também fez um apelo ao governador Tarcísio de Freitas, pedindo que ele tome medidas para garantir a resolução do crime e aumentar a segurança pública em São Paulo. De acordo com Teixeira, “o governador precisa solucionar esse crime e chegar aos seus mandantes e executores”. Essa demanda surge em um contexto onde a confiança nas instituições de segurança do estado está em declínio.
Desdobramentos após o crime
Após a cerimônia de velório de Ruy Fontes, que ocorreu na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, anunciou a identificação do primeiro suspeito do assassinato. O homem, segundo informações, já tinha antecedentes relacionados a tráfico de drogas e a Polícia Civil encontrou um segundo veículo que pertencia aos criminosos. Derrite afirmou que a identificação dos ocupantes do veículo era uma prioridade para as investigações.
A situação evidenciou a necessidade de um debate mais profundo sobre a segurança dos profissionais que atuam no combate ao crime em São Paulo, reforçando a relevância da proteção adequada para aqueles que desafiam facções criminosas poderosas, como o PCC.
A sociedade clama por mudanças
Com o assassinato de Ruy Ferraz Fontes, a sociedade brasileira se vê novamente confrontada com a dura realidade da violência urbana e a impunidade relacionada ao crime organizado. As vozes de descontentamento ecoam não apenas nas redes sociais, mas também nas esferas políticas. O clamor por uma reforma nas políticas de segurança pública é um tema emergente que, seguramente, tecnicamente deveria ser prioridade para qualquer governo que se preze.
A morte de Fontes foi um forte lembrete de que a luta contra o crime organizado é uma batalha constante que exige compromisso, coragem e, acima de tudo, proteção efetiva para aqueles que se colocam na linha de frente.