Brasil, 16 de setembro de 2025
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Apps de fé conectam milhões ao espiritual através da IA

Novos aplicativos religiosos permitem confissões a chatbots de IA, oferecendo uma experiência espiritual diferente.

Nos últimos tempos, uma nova onda de aplicativos religiosos se espalhou, permitindo que milhões de usuários confessem seus segredos e procurem orientação espiritual através de chatbots de inteligência artificial (IA). Alguns desses aplicativos alegam estar canalizando a própria voz de Deus. Com isso, a relação entre tecnologia e espiritualidade ganha um novo significado.

A ascensão dos aplicativos religiosos

Conforme reportado pelo New York Times, a App Store da Apple agora abriga uma variedade de aplicativos de chatbots cristãos. Um deles, chamado Bible Chat, afirma ser o aplicativo de fé número um do mundo, reunindo mais de 25 milhões de usuários. O aplicativo promete suporte espiritual através de uma IA que foi treinada exclusivamente com base nas escrituras e criada sob a orientação de pastores e teólogos cristãos.

“Saudações, meu filho”, disse um chatbot cógnito, identificado como ChatWithGod.ai, a um usuário. “O futuro está nas mãos misericordiosas de Deus. Você confia no Seu plano divino?” Essas interações não apenas surpreendem, mas também levantam questões sobre a natureza da fé nos tempos digitais.

A espiritualidade digital: uma nova forma de conectar-se com Deus

Líderes religiosos argumentam que esses aplicativos podem ser uma porta de entrada para aqueles que buscam uma conexão espiritual. Segundo uma observação de um rabino britânico, Jonathan Romain, “há uma geração inteira de pessoas que nunca esteve em uma igreja ou sinagoga. Os aplicativos espirituais são o caminho deles para a fé.” Isso muda a forma como as pessoas buscam orientação espiritual, substituindo longas peregrinações ou viagens até um local de culto físico por uma simples consulta a um chatbot.

Construindo Deus, um passo além na tecnologia

O desenvolvimento de IA com o intuito de “construir Deus” é um tópico cada vez mais debatido. A ideia de criar uma inteligência artificial que supere a inteligência humana levanta questões éticas e filosóficas. A promessa de um chatbot que possa oferecer conselhos espirituais parece irresistível, mas os especialistas alertam que, na prática, esses sistemas se baseiam em modelagens estatísticas e reconfigurações de textos sagrados, o que pode reduzir a espiritualidade a um truque de marketing.

Heidi Campbell, professora de tecnologia e religião na Texas A&M, observa que esses chatbots têm uma tendência preocupante de atender o que os usuários querem ouvir. “Eles não usam um discernimento espiritual, mas sim dados e padrões”, enfatiza.

Os riscos da interação com chatbots

Além de servir como um recurso para a busca de fé, os chatbots também têm sido utilizados por muitos como fonte de companhia. Isso pode, em casos extremos, levar a sérias consequências, como a chamada “psicose de IA”, onde as pessoas podem se tornar dependentes da interação com máquinas, em detrimento das suas relações humanas. Essa interação inusitada pode levar a uma desconexão da realidade e à busca de um significado através de uma entidade que não possui uma alma.

“Não deve ser algo que substitua a conexão humana”, observa Alex Jones, fundador do aplicativo de oração Hallow. “Do ponto de vista da igreja, ele não possui uma alma.”

Uma nova era de espiritualidade?

Esse cenário apresenta uma face distópica da espiritualidade na era digital, questionando o que significa ter fé em um mundo onde a tecnologia pode preencher lacunas emocionais e espirituais. Esses aplicativos estão não apenas mudando a maneira como as pessoas se conectam com o divino, mas também com elas mesmas e umas com as outras. Uma interação que antes era exclusiva de ambientes sagrados agora é mediada por uma tela, levantando preocupações sobre os efeitos a longo prazo dessa nova dinâmica.

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