No Sudão, um país do nordeste da África, a guerra que se intensificou a partir de abril de 2023 trouxe consequências devastadoras para a população, especialmente para as crianças. Há mais de dois anos, esses pequenos enfrentam um cenário preocupante, em que a falta de acesso à educação e a iminência de abusos se tornaram realidades alarmantes. A organização “Save the Children” destaca que a interrupção educacional não apenas priva os menores do aprendizado, mas também os expõe a sérios riscos, incluindo o recrutamento por grupos armados e a violência de natureza sexual.
Um panorama sombrio
De acordo com a “Save the Children”, pelo segundo ano consecutivo, 13 milhões de crianças não iniciarão o ano letivo. Esse número alarmante é fruto da análise de dados do “Global Education Cluster”, uma rede que visa coordenar ajuda ao setor de educação. O conflito atual é uma disputa entre as Forças Armadas Sudanesas, lideradas pelo chefe de Estado Abdel Fattah Abdelrahman Burhan, e as Forças de Apoio Rápido, um grupo paramilitar sob o comando de Mohamed Hamdan Dagalo.
A guerra desencadeou uma série de problemas: além de 55% das escolas estarem inativas devido a danos ou destruição, muitas foram convertidas em abrigos para aqueles que foram forçados a deixar suas casas. O cenário se agrava ainda mais com a escassez de recursos como professores e materiais didáticos, colocando o futuro educacional das crianças em risco. “Se essa situação continuar, para algumas crianças, a conclusão do ensino médio será uma utopia, enquanto muitas ficarão sem aprender a ler ou escrever”, afirma Mohamed Abdiladif, diretor da ONG no Sudão.
A voz de uma criança
Histórias de crianças como a pequena Razan, de 10 anos, trazem um retrato ainda mais triste dessa realidade. Natural de Cartum, Razan foi forçada a deslocar-se devido ao conflito, fazendo parte dos 40 milhões de deslocados internos. Depois de um ano sem aulas, conseguiu matricular-se em uma nova escola na vila de Sinjai. “Fiquei triste por perder um ano letivo. Senti muita falta dos meus amigos e da minha turma. Não quero mais guerras. Só quero colocar minha mochila nas costas e todas as manhãs ir aprender coisas novas”, desabafa Razan, destacando o desejo incessante por a educação e a normalidade que tantas crianças ainda almejam.
Consequências trágicas do conflito
As emergências causadas pela guerra no Sudão são alarmantes. Desde o início do conflito, em abril de 2023, estima-se que cerca de 40 mil pessoas perderam a vida, incluindo crianças e mulheres, sendo que mais de 1.000 crianças foram assassinadas e mutiladas em eventos como o assédio de Al-Fasher, em Darfur do Norte, em abril de 2024. A situação é ainda mais crítica para as crianças sobreviventes: 46% delas sofrem de desnutrição aguda grave, frequentemente se alimentando apenas de ração animal, o que compromete seriamente sua saúde.
Embora não sejam as únicas a sofrer com doenças graves, como malária ou dengue, esses menores enfrentam uma realidade chocante de violência. A gravidade da situação levanta um apelo urgente para que a comunidade internacional intervenha e promova uma solução pacífica que retorne a esperança e a educação às vidas de milhares de crianças sudanesas.
O clamor por ações concretas e imediatas é mais necessário do que nunca. O direito à educação e um futuro seguro devem ser garantidos a todos, especialmente aqueles que perderam tanto em meio ao caos. As histórias de crianças como Razan são um chamado à ação, refletindo a necessidade urgente de um mundo que não possa mais fechar os olhos para os horrores da guerra e suas consequências devastadoras.
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