A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, ocorrida na última segunda-feira (15), em Praia Grande, chocou não apenas as autoridades locais, mas também todo o estado. Com 68 anos, Ruy enfrentou, ao longo de sua carreira, desafios que o tornaram uma figura emblemática na luta contra o crime organizado, especialmente em relação ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Suas mortes levantam questões sobre segurança e o poder do crime organizado no Brasil.
Motivações por trás do crime
A investigação sobre o assassinato de Ruy Fontes aponta duas linhas principais. A primeira sugere que o crime pode ter sido uma vingança relacionada à histórica atuação de Fontes contra os líderes do PCC. A segunda hipótese levanta a possibilidade de que a motivação esteja ligada à sua atuação recente como secretário de Administração da Prefeitura de Praia Grande, onde teria descontentado criminosos. Esse cenário evidencia a complexidade do problema da segurança pública e as dificuldades enfrentadas pelos agentes de segurança no combate ao crime organizado.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, expressou seu pesar e indignação com a situação. Ele mobilizou uma força-tarefa que incluirá o Departamento Estadual de Investigação Criminal (Deic) e o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), buscando acelerar a identificação dos responsáveis pelo crime. “Estou estarrecido. É muita ousadia. Uma ação muito planejada, por tudo que me foi relatado”, afirmou Tarcísio, destacando a natureza covarde do assassinato.
O legado de Ruy Ferraz Fontes
Ruy Ferraz Fontes teve uma carreira de mais de quatro décadas na polícia, durante as quais contribuiu de maneira significativa para a desarticulação de organizações criminosas. Seu trabalho mais notável incluiu a prisão de Marcola, um dos líderes do PCC, e a realização de diversas operações que visavam enfraquecer a facção. Durante sua atuação como delegado-geral entre 2019 e 2022, Ruy foi uma peça chave na luta contra o crime organizado em São Paulo.
Marcio Christino, ex-promotor que trabalhou lado a lado com Ruy no combate ao PCC, relembra que a luta contra o crime sempre veio acompanhada de ameaças. “Eu e todos que trabalhamos nos casos de 2006, inclusive Ruy, já fomos ameaçados pelo PCC”, declarou. Essa experiência compartilhada reflete o quanto o combate ao crime organizado em São Paulo é perigoso e demanda ações contínuas por parte das autoridades.
Investigação em andamento
A investigação atual está sendo acompanhada de perto por várias autoridades. Câmeras de segurança registraram o momento em que Ruy foi perseguido e, em uma manobra desesperada, tentou escapar de seus atacantes ao colidir seu veículo contra um ônibus. A gravação é um elemento crucial para a polícia, que busca rastrear os criminosos responsáveis pela execução.
Rafael Alcadipani, professor da Faculdade Getulio Vargas e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, comentou sobre a ousadia do crime. “Isso mostra, infelizmente, o poderio do crime organizado e a falta de controle que ele exerce dentro do estado de São Paulo”, disse Alcadipani, enfatizando a necessidade de uma resposta eficaz por parte das autoridades.
A luta continua
O assassinato de Ruy Ferraz Fontes reacende o debate sobre segurança no Brasil e a luta contínua contra o crime organizado. As consequências desse ato não afetam apenas as esferas da segurança pública, mas também toda a sociedade, que luta para viver em um ambiente mais seguro e livre de ameaças. A mobilização das autoridades e o clamor por justiça refletem a urgência da situação e a necessidade de soluções duradouras para enfrentar o crime no país.
Enquanto as investigações prosseguem, amigos e colegas de Ruy lembram dele como um policial comprometido e corajoso, que dedicou toda a sua vida à proteção da comunidade. O legado de Ruy Ferraz Fontes, certamente, permanecerá na memória daqueles que o conheceram e na luta incessante contra o crime organizado no Brasil.