Brasil, 15 de setembro de 2025
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A história da taça independência, a minicopa do mundo esquecida

A taça independência de 1972, uma minicopa do mundo, trouxe emoção e política ao futebol brasileiro em tempos de ditadura.

Em um passado não muito distante, o Brasil teve a honra de ser sede de duas Copas do Mundo: a primeira em 1950 e a segunda em 2014. No entanto, entre esses grandes torneios, ocorreu uma competição menos lembrada, mas igualmente significativa, chamada Taça Independência, realizada em 1972 e organizada pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD). Esta competição, que ficou conhecida popularmente como Minicopa do Mundo, faz parte das celebrações dos 150 anos da Independência do Brasil, e um marco importante na história do futebol.

Um cenário político turbulento

O contexto da Taça Independência não se restringia apenas ao amor pelo futebol. O Brasil enfrentava uma dura ditadura militar, e o governo utilizava o esporte como uma ferramenta para desviar a atenção da população dos atos autoritários em curso. Assim, o Governo Federal decidiu lançar esse grandioso torneio, aproveitando a onda de patriotismo que permeava a sociedade após a vitória da Seleção Brasileira na Copa de 1970, realizada no México.

Vários estádios recém-construídos seriam utilizados pela primeira vez na Taça Independência, incluindo o Arruda, em Recife, e o Machadão, em Natal. Além disso, o então presidente da CBD, João Havelange, tinha suas próprias ambições políticas, com a mira na presidência da FIFA, cuja eleição estava programada para 1974. A organização do torneio no Brasil seria uma forma de mostrar suas habilidades administrativas e conquistar apoio internacional.

Desistências e reformulação da competição

Inicialmente, a intenção era reunir as principais seleções do mundo, incluindo campeões da Copa do Mundo como Itália, Inglaterra e Alemanha. Porém, essas seleções se retiraram do torneio devido à sobreposição com a Eurocopa de 1972. A combinação de seleções europeias tornou-se uma tarefa desafiadora, e apesar das negociações, a equipe espanhola também retirou sua participação após uma chantagem financeira com a CBD.

Os representantes europeus acabaram sendo a França, Portugal, Irlanda, Iugoslávia, Escócia e Tchecoslováquia, enquanto a América do Sul participou com todas as seleções filiadas à CONMEBOL. O Irã representou a Ásia e a competição contou com equipes de várias nações africanas e da Concacaf.

Uma organização extensa

Os jogos da Taça Independência ocorreram em 13 estádios localizados em 12 cidades de todas as regiões do Brasil. Tais estádios, como o estádio Vivaldão em Manaus e o Maracanã no Rio de Janeiro, tiveram suas capacidades testadas e contribuíram para um evento que custou à CBD cerca de 4 milhões de dólares.

Curiosidade: Para atrair mais torcedores, a organização distribuiu ingressos para estudantes e fez sorteios de prêmios durante o intervalo das partidas, pois a presença do público era bastante baixa em várias partidas.

Regulamentos e formatos polêmicos

O torneio começou com 15 seleções divididas em três grupos, com os vencedores avançando para a fase final, onde se juntariam a cinco seleções já garantidas. A fase final consistiu em dois grupos com o Brasil, Escócia, Tchecoslováquia e Iugoslávia em um lado e Portugal, Argentina, União Soviética e Uruguai no outro. Essa estrutura, no entanto, gerou controvérsias, especialmente pela inclusão de seleções sem critério técnico após desistências.

Brasil na Taça e a final emocionante

A seleção brasileira, embora renovada por conta das ausências de ícones como Pelé, estreou com um empate sem gol contra a Tchecoslováquia. No entanto, superou a Iugoslávia e a Escócia nos jogos seguintes, garantindo uma vaga na final. O confronto decisivo ocorreu no Maracanã, onde o Brasil enfrentou Portugal.

O jogo foi duro, e, quando a partida já se encaminhava para a prorrogação, um gol de Jairzinho aos 44 minutos do segundo tempo garantiu a vitória por 1 a 0, consagrando o Brasil como campeão da Taça Independência. Este torneio, embora menos lembrado, deixou uma marca importante na história do futebol brasileiro.

Após a vitória, a Seleção Brasileira enfrentou a Copa do Mundo de 1974, com a presença de um time rejuvenescido e algumas mudanças táticas significativas. A Taça Independência pode não ser uma competição memorável como as Copas do Mundo, mas representa um momento único de resistência e resiliência do futebol brasileiro em tempos difíceis.

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