Aos 27 anos, a pianista Lorraine Gregório de Oliveira, natural de Torre de Pedra, São Paulo, atravessou 9,9 mil quilômetros para dar um passo importante na sua carreira musical. Com uma bolsa de pesquisa, ela iniciou seus estudos em música contemporânea na Universidade da Califórnia, em San Diego, onde poderá permanecer por até cinco anos. As expectativas são altas, e Lorraine ressalta o apoio de familiares e amigos como fundamental para enfrentar esse novo desafio.
Início da nova jornada
Recentemente, Lorraine desembarcou nos Estados Unidos após mais de 15 horas de viagem. A adaptação ao fuso horário, que é de quatro horas a menos em relação a São Paulo, tem sido um dos maiores desafios. “Nunca viajei para tão longe”, contou. “Já tinha ido ao Chile com meus pais, mas essa foi a minha viagem mais longa”, relatou com entusiasmo.
A experiência nos EUA
Nos primeiros dias em San Diego, Lorraine já percebeu semelhanças com o clima do Brasil, embora a língua, a cultura e a alimentação sejam aspectos que exigem mais adaptação. “Sinto saudades principalmente das pessoas que amo, minha família, amigos e meus gatinhos”, confessou.
O doutorado de Lorraine tem duração de cinco anos, mas a estudante conta que, dependendo da carga horária, pode ser finalizado em quatro. Durante esse período, ela dará continuidade à sua pesquisa em música contemporânea, piano preparado e técnicas estendidas, além de planejar apresentações e colaborações com compositores.
O caminho até a bolsa de pesquisa
Antes da seleção para a universidade, Lorraine vivenciou momentos de insegurança, especialmente por serem poucas as vagas destinadas a instrumentistas. Contudo, acreditava que seu currículo alinhado ao perfil da universidade foi crucial para sua aprovação. A oportunidade surgiu durante o mestrado, onde começou a se interessar ainda mais por pesquisas musicais. Lorraine confessou que, enquanto no Brasil, desejou um foco maior na performance ao invés de se dedicar apenas a uma tese, levando-a a buscar alternativas no exterior.
A Universidade da Califórnia, em San Diego, foi recomendada por seus professores, devido à sua tradição em música contemporânea. O processo de candidatura envolveu a elaboração de uma carta de intenção, cartas de recomendação, um teste de inglês e o envio de diversos documentos, e após três meses de espera, a resposta positiva chegou em março. Lorraine não apenas foi aprovada, mas também conquistou uma bolsa que permite a ela trabalhar na universidade. “Fiquei muito feliz, pois além de ser uma universidade prestigiada, eu também teria a oportunidade de trabalhar na minha área e aperfeiçoar a prática pianística”, disse.
Superando medos e incertezas
Embora estivesse radiante com a conquista, Lorraine revelou que sentiu medo ao pensar nas mudanças que viriam, principalmente devido à distância da família. Foi aí que o apoio de sua rede de amigos e familiares se mostraram essenciais. “O apoio da minha família, amigos e professores foi fundamental para que eu enfrentasse as incertezas e começasse esse novo projeto”, afirmou.
Uma trajetória inspiradora
A história de Lorraine com a música começou na infância, assistindo a apresentações do pai. O incentivo familiar foi decisivo e, após algumas experiências, ela ingressou no Conservatório de Tatuí, onde foi incentivada a seguir a carreira musical. A graduação na Universidade Estadual Paulista (Unesp) culminou em um forte desejo de pesquisa, levando-a a conquistar uma bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) durante o mestrado.
“Acho que tudo isso, de certo modo, me preparou para enfrentar a vida em outro país. Foi essencial passar pelo mestrado no Brasil, construir estabilidade e maturidade para depois ter responsabilidade e independência suficientes para tomar minhas próprias decisões em outro lugar”, concluiu Lorraine.
Com um futuro promissor pela frente, Lorraine Gregório se destaca como um exemplo de determinação e superação, mostrando que a dedicação e o apoio são fundamentais na busca por novos horizontes. Os olhares estão voltados para sua jornada na Califórnia, onde a música contemporânea certamente ganhará uma nova conotação.
*Colaborou sob supervisão de Carla Monteiro*