A morte de Milad Farakh, membro da comunidade cristã melquita do vilarejo de Kafra, na Síria, gerou controvérsia nas redes sociais. Segundo relatos, Farakh foi detido cerca de duas semanas atrás e transferido para a prisão de Balouna, em Homs, sob a acusação de vender carne estragada, mas informações vazadas indicam que ele morreu vítima de tortura durante o interrogatório.
Suspeitas e alegações oficiais sobre a morte de Farakh
Uma fonte local, que conversou com a ACI MENA — parceira da CNA em notícias em árabe — afirmou que a acusação de “carne estragada” foi apenas um pretexto para evitar descontentamento na região. Ela relatou ainda que as próprias forças de segurança admitiram oficialmente que Farakh morreu sob tortura e que um policial responsável pelo interrogatório foi detido.
De acordo com essa fonte, as alegações de perseguição religiosa na Wadi al-Nasara não condizem com a realidade local. “Nunca sentimos uma perseguição direta. As relações entre a comunidade local e os órgãos de segurança são baseadas na coordenação, especialmente com as autoridades religiosas. Falar em perseguição aqui é inverídico”, afirmou.
Acusações de colaboração e controvérsias
Para as autoridades sírias, Farakh teria sido acusado de colaborar com atores estrangeiros. Elas alegaram que possuíam fotos, vídeos e áudios que o implicariam em um ataque a um carro na região, que inicialmente foi atribuído a uma explosão de tanque de combustível, além de ter sido acusado de plantar explosivos. Segundo a fonte, ele também teria recebido explosivos e recebido ordens de grupos externos para gerar uma narrativa de perseguição religiosa na região.
Entretanto, ela conclui que “não há como confirmar sua participação ou inocência. Ele morreu antes de poder ser ouvido ou de um julgamento justo acontecer”.
Repressões na região de Qusayr
Recentemente, a cidade de Qusayr, na província de Homs, viveu uma onda de prisões. Inicialmente, as detenções foram justificadas como tentativa de expulsar cristãos, mas posteriormente foi revelado que cerca de 30 pessoas, a maioria muçulmana, incluindo sunitas e alauítas, foram presas por crimes como assassinato, estupro e falsificação de documentos de propriedade. Algumas já foram liberadas, mas cerca de 15 permanecem detidas, entre elas sete cristãos.
Segundo o Ministério do Interior sírio, as acusações contra esses indivíduos variam de assassinato a crimes contra a propriedade e outros delitos graves. A situação reforça as tensões na região, onde a narrativa oficial aponta como uma operação contra criminosos, enquanto grupos de direitos humanos denunciam abusos e violações.
A controvérsia em torno da prisão de Farakh
Apesar das alegações oficiais, a morte de Farakh sem uma investigação adequada levanta dúvidas sobre os métodos utilizados pelas forças de segurança na região. Organizações internacionais e ativistas locais continuam a denunciar casos de tortura e violações dos direitos humanos na Síria, mesmo diante de versões oficiais que negam perseguições religiosas sistemáticas.
Implicações e perspectiva futura
A morte de Farakh reacende o debate sobre a situação dos direitos humanos na Síria, especialmente no que diz respeito ao tratamento de presos políticos e detidos por justificativas pouco transparentes. Ainda não há confirmação judicial ou investigações independentes do caso, o que alimenta a desconfiança sobre as ações do governo e das forças de segurança na região.
Para a comunidade internacional, a situação reforça a necessidade de monitoramento mais rigoroso e de uma resposta coordenada às denúncias de abusos na Síria, em um momento em que o país busca estabilização e reconciliação.