Nos dias 11 e 12 de setembro, Roma se tornou o epicentro de um importante debate sobre dignidade e fraternidade durante o III Encontro Mundial sobre Fraternidade Humana. Personalidades como prêmios Nobel, líderes religiosos, jornalistas e acadêmicos se reuniram na Basílica de São Pedro e na Fundação Fratelli tutti, discutindo um futuro mais pacífico e humano, em meio aos desafios da atualidade, como questões ambientais e a inteligência artificial.
A dignidade no cerne do debate
O evento, que contou com a participação de 450 pessoas, incluindo 100 administradores locais e cerca de 30 prêmios Nobel, não teve um documento conclusivo, mas propôs um “processo sinodal sobre o humano”. O cardeal Mauro Gambetti, arcipreste da Basílica de São Pedro, enfatizou a importância da dignidade, afirmando que ser humano significa “preservar a verdade que liberta” e não explorar a terra como uma mera mina. Com sua fala poderosa, ele convidou os participantes a refletirem sobre a responsabilidade coletiva que temos em construir um mundo mais justo e fraterno.
O cardeal destacou que o conceito de fraternidade deve ser tratado como uma prática concreta, que devolve ao outro seu valor e possibilidade de ser ouvido. “Vivemos uma época em que a técnica avança mais rápido que a consciência, e em que a verdade pode ser manipulada,” pontuou Gambetti, alertando para os perigos que a tecnologia pode trazer se não for acompanhada de uma profunda compreensão humana.
Vozes que clamam por verdade
Dentre os oradores, a jornalista Maria Ressa, vencedora do Prêmio Nobel da Paz, fez um apelo urgente pela preservação da liberdade de expressão e pela luta contra a desinformação. Ressa, que tem enfrentado a vigilância digital em seu trabalho, ressaltou a importância de criar um futuro fundamentado na verdade e na ação humana, destacando o papel vital do jornalismo responsável nesse contexto. “Um diálogo verdadeiro é fundamental para o que queremos construir”, afirmou.
Inteligência artificial e fraternidade como guia
O tema central da inteligência artificial (IA) foi explorado como um território novo que a Igreja está disposta a explorar. “A fraternidade é uma inteligência relacional que deve sempre ter o outro em mente”, destacou o padre Occhetta, alertando sobre o risco de que o poder não ouça o povo. Para ele, é crucial que as democracias e o desenvolvimento humano continuem a prosperar, a partir de um diálogo que permita construir uma cultura de paz.
O padre enfatizou que a Igreja tem um papel a cumprir na conscientização dos desafios impostos pela IA, lembrando que a moralidade e a consciência têm que estar em primeiro plano. “Sem uma consciência madura, teremos grandes riscos no futuro, onde a manipulação pode levar as pessoas a agir conforme ditado, em vez de agir de acordo com suas próprias convicções moralmente fundamentadas”, disse.
Uma mensagem de unidade
O encontro trouxe à tona diversas vozes e perspectivas sobre como podemos enfrentar a desumanização e a polarização que marcam nosso tempo. Apesar das inovações e teorias que parecem distanciar a moralidade da experiência humana, os participantes reafirmaram a necessidade de uma conexão genuína, reconhecendo que, apesar de nossas diferenças culturais e religiosas, todos nós somos irmãos e irmãs, compartilhando a mesma preocupação por um futuro mais pacífico.
As 140 pessoas presentes na sala de debate deixaram claro que o caminho para a fraternidade deve continuar, com um compromisso renovado em trabalhar juntos para alcançar um mundo mais justo. Em 11 de junho de 2023, uma declaração foi assinada pela Santa Sé, reafirmando que, apesar das diferenças, a busca pela paz é um objetivo comum.
O III Encontro Mundial sobre Fraternidade Humana não apenas gerou reflexões necessárias, mas também lançou sementes para um futuro que esperamos seja mais unido e solidário. A jornada continua, agora em uma nova fase, buscando sempre a dignidade e a humanidade em cada passo dado.
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