Brasil, 14 de setembro de 2025
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Famílias de baixa renda no Rio comprometem 65% da renda com aluguel

Estudo revela o peso do aluguel na vida das famílias cariocas, destacando desigualdade e pressão financeira.

A situação do aluguel no Rio de Janeiro se tornou um desafio significativo para muitas famílias de baixa renda, com a pesquisa do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da UFMG mostrando que as famílias que ganham até R$ 1,9 mil destinam impressionantes 65% de sua renda mensal ao pagamento de locação. Essa proporção é a mais alta entre todos os estados analisados e reflete a pressão intensa que o mercado imobiliário e o alto custo de vida exercem sobre a população. O estudo, encomendado pela plataforma de locação de imóveis QuintoAndar, traz à tona um retrato preocupante das finanças familiares na cidade.

Renda e despesas: uma comparação alarmante

A pesquisa realizada pelo Cedeplar utilizou dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE para avaliar os impactos do mercado de locação sobre a renda das famílias cariocas. Segundo o estudo, as famílias na faixa de renda até R$ 1,9 mil não são as únicas afetadas. O comprometimento da renda com aluguel no Rio ultrapassa a média nacional em todas as faixas de renda. Na faixa seguinte, entre R$ 1,9 mil e R$ 2,8 mil, o percentual é de 29%, comparado a 22,9% em todo o Brasil.

Este padrão se mantém mesmo entre os mais afortunados. Famílias com rendas entre R$ 5,7 mil e R$ 9,5 mil ainda dedicam 15% de seus ganhos para cobrir aluguéis, acima dos 12% observados na média nacional. Já aqueles que ganham mais de R$ 23,8 mil têm um comprometimento de 7,2%, o que ainda representa uma quantidade considerável, considerando a magnitude dos recursos envolvidos.

Testemunhos ilustram a pressão sobre os lares cariocas

As histórias de vida de pessoas que enfrentam essa realidade refletem o impacto das altas taxas de aluguel em suas rotinas. Lucas de Souza, um entregador de 25 anos, reside na Rocinha e, junto com sua avó aposentada, recebe cerca de R$ 3,1 mil por mês. Com um aluguel de R$ 900, eles destinam 29% de sua renda apenas para habitação, o que reduz drasticamente seu orçamento para questões essenciais como alimentação e contas de serviços.

Outra narrativa é a de Carlos Henrique Almeida, um comerciante de 35 anos que divide um apartamento em Vila Isabel. Embora a renda conjunta dele e de sua esposa seja de R$ 7,2 mil, o aluguel de R$ 2 mil representa 28% de seus ganhos, levando-o a sentir que o sonho da casa própria está sempre distante. “Mesmo com um salário razoável, a sensação é de estar sempre no limite”, expressa Carlos, sublinhando a dura realidade enfrentada por muitos cariocas.

Comparações regionais e o impacto de preços altos

Os dados da pesquisa também mostram que o valor absoluto do aluguel no Rio de Janeiro é mais elevado em diversas faixas de renda. Famílias que ganham até R$ 1,9 mil pagam, em média, R$ 549,64, superando São Paulo (R$ 502,40) e o Rio Grande do Sul (R$ 548,31). Na faixa entre R$ 2,8 mil e R$ 5,7 mil, os aluguéis médios também são superiores, atingindo R$ 752,73. Para os mais ricos, o preço médio é de R$ 2,1 mil, somente atrás de São Paulo, que registra R$ 3,7 mil.

Consequências da desigualdade social

Os resultados da pesquisa não apenas revelam a pressão que os altos aluguéis exercem sobre os mais pobres, mas também destacam uma desigualdade crescente. O estudo revelou que a receita média obtida com o aluguel é bem inferior entre as famílias de baixa renda, cerca de R$ 760, enquanto as que possuem rendas acima de R$ 23,8 mil arrecadam, em média, R$ 4 mil — mais de cinco vezes esse valor. Essa diferença reitera a concentração de riqueza e a dificuldade de acesso a moradia digna para as camadas menos favorecidas.

Os pesquisadores apontam que, apesar de uma diminuição relativa do custo do aluguel à medida que a renda aumenta, a pressão se mantém, perpetuando um ciclo difícil para as famílias menos privilegiadas e contribuindo para a desigualdade social no Estado. Enquanto os mais pobres lutam para pagar suas contas, os mais ricos se beneficiam da valorização dos imóveis e das rentabilidades geradas no mercado de locação.

Assim, o estudo do Cedeplar expõe uma realidade alarmante sobre os custos do aluguel no Rio de Janeiro, revelando desafios que clamam por políticas públicas efetivas voltadas a melhorar a acessibilidade e a justiça no mercado imobiliário.

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