A China anunciou nesta sábado (13) que abriu duas investigações relacionadas ao setor de tecnologia dos Estados Unidos, envolvendo chips e inteligência artificial (IA). A medida ocorre um dia antes de uma importante rodada de negociações entre Pequim e Washington na Espanha, que deve tratar de questões comerciais, econômicas e de segurança nacional.
Investigação antidumping e medidas antidiscriminação contra EUA
Segundo o Ministério do Comércio chinês, a primeira investigação antidumping mira circuitos integrados analógicos e de sinais mistos produzidos nos Estados Unidos, utilizados em diversos equipamentos eletrônicos. A China também abriu uma investigação contra as medidas dos EUA que, na visão de Pequim, discriminam e dificultam o setor de chips chinês, refletindo a intensidade do conflito comercial entre as duas potências.
O órgão regulador afirmou ainda que a investigação antidumping deve durar cerca de um ano, podendo ser prorrogada por mais seis meses, enquanto a investigação antidiscriminação levará cerca de três meses. As ações fazem parte de uma resposta às restrições impostas pelos EUA ao setor de semicondutores da China, além de as restrições afetarem empresas como Texas Instruments e Analog Devices.
Contexto das tensões comerciais
A ofensiva chinesa ocorre após os Estados Unidos aumentarem sua lista de entidades chinesas sujeitas a restrições comerciais, adicionando mais 23 empresas ao seu controle de exportações. Além disso, Washington cortou o acesso da China a tecnologias avançadas de IA, usando licenças e restrições como armas no enfrentamento com Pequim.
As negociações entre os representantes de ambas as nações acontecem na Espanha, com destaque para o encontro entre Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, e He Lifeng, vice-primeiro-ministro chinês, que devem discutir também a situação do TikTok.
Agravos na disputa por semicondutores
O setor de semicondutores tornou-se central na disputa, com os EUA restringindo o acesso à China a aceleradores avançados de IA e usando exportações de componentes menos sofisticados como moeda de barganha, embora com resistência de Pequim por motivos de segurança.
A China reagiu à postura americana convocando uma investigação para analisar supostos subsidíos e dumping de chips de baixa qualidade, acusando os EUA de protecionismo que impede o desenvolvimento de sua indústria tecnológica. Segundo o Ministério do Comércio chinês, essas ações representam uma tentativa de contornar o avanço tecnológico de Pequim.
Perspectivas para as negociações
As conversas na Espanha representam uma tentativa de reatar o diálogo e buscar acordos que reduzam as tensões, que já se estendem por meses e envolvem sanções, restrições e investigações. Pequim também aconselhou empresas chinesas a não utilizarem chips americanos liberados durante o governo Trump, como estratégia de resistência às sanções.
Observadores avaliam que a retomada do diálogo é essencial para evitar uma escalada na guerra tecnológica, que pode afetar toda a cadeia global de fornecimento de chips e componentes eletrônicos.
Enquanto negociações e investigações se desenrolam, o clima permanece tenso, refletindo um momento crítico na disputa entre as duas maiores economias mundiais, com impacto direto sobre o mercado global de tecnologia.