No último dia 13 de setembro, a Catedral de Notre-Dame, em Paris, foi palco de uma missa solene que celebrou a canonização das 15 religiosas da Ordem das Carmelitas Descalças de Compiègne, mortas durante a Revolução Francesa. O evento marcou a história da Igreja, não apenas pela canonização em si, mas pela mensagem profunda que o Papa Leão XIV, em um telegrama lido durante a celebração, lançou ao mundo. As carmelitas, definidas pelo Papa como não “vítimas”, mas “autoras” de um ato supremo de caridade, se tornaram símbolos de fé e resiliência em tempos de adversidade.
A relevância da canonização
A canonização das 16 carmelitas ocorreu em 18 de dezembro de 2024, reconhecendo a importância de seu martírio e a mensagem que deixaram através de sua fé inabalável. O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, leu o telegrama do Papa durante a missa, que contou com a presença do arcebispo de Paris, dom Laurent Ulrich. O Papa expressou sua felicidade em se unir à ação de graças, destacando o impacto espiritual que o sacrifício das religiosas teve mesmo sobre seus carcereiros.
Uma “perturbação benéfica”
O Papa mencionou que o martírio das religiosas não passou despercebido, ao contrário, causou uma “perturbação benéfica” nos corações dos algozes e refletiu uma força divina capaz de transformar até mesmo os mais endurecidos. Ele elogiou a capacidade das carmelitas de direcionar suas vidas para as “realidades celestiais”, testemunhando um desafio constante à opressão.
O legado das mártires
Além disso, o Papa lembrou que o sacrifício das carmelitas está perpetuado na literatura e na arte, que refletem a reverência e a admiração que despertaram. O seu martírio, segundo o Papa, ecoa através do tempo e permanece vivo na memória do povo. Ele ressaltou a multidão que acompanhou o suplício das religiosas, sinalizando a conexão profunda que ainda existe em relação às suas histórias de fé.
Paz e caridade
A mensagem do Papa também ressaltou a paz interior das carmelitas, que conseguia prevalecer mesmo nas circunstâncias mais adversas. Esta paz era fruto de uma “imensa caridade”, arrematada pela fé e esperança que sustentavam as religiosas. Leão XIV destacou a transformação da prisão em um ato de entrega total a Deus, onde elas se tornaram novas autoras de um ideal maior que transcende a dor do martírio.
O momento culminante da história foi revivido através das palavras da priora, a última a ser executada, que expressou compaixão pelos que a condenavam, promovendo uma mensagem poderosa de perdão que ressoava com o espírito de amor e gratidão. A frase dela, repleta de misericórdia, sintetiza o legado carmelita: “Como poderíamos guardar rancor por esses pobres infelizes que nos abrem as portas do Céu?”. Essa atitude, segundo o Papa, exemplifica a essência do carisma carmelita: entrega, perdão e alegria.
Reflexões sobre a vida interior
Concluindo a celebração, o Papa convidou todos a refletirem sobre a “força e a fecundidade de uma vida interior totalmente voltada para as realidades celestiais”, reiterando que o testemunho das carmelitas é um convite para o mundo descobrir a profundidade da espiritualidade e da devoção.
O Papa Leão XIV não apenas enviou uma Bênção Apostólica aos presentes em Notre-Dame, mas se estendeu a todos que participaram espiritualmente da celebração, fazendo ecoar uma mensagem de esperança e renovação em meio a tempos turbulentos. Assim, a canonização das carmelitas de Compiègne não apenas resgata um capítulo da história da Igreja, mas também revigora a fé em muitos, unindo-os em torno de ideais de caridade, perdão e dedicação ao divino.