Região histórica da Toscana, o Chianti Classico passa por uma transformação significativa com a oficialização de 11 novas subzonas (UGAs), refletindo uma busca pela autenticidade e qualidade. Essa inovação aumenta o potencial de reconhecido valor dos vinhos, com foco maior na origem e no terroir.
Mapeamento e impacto das novas subzonas no Chianti Classico
Durante uma visita à região, o enólogo Alessandro Masnaghetti, autor do livro ‘Chianti Classico: The Atlas of the Vineyards and UGAs’, revelou detalhes dessas mudanças. Ele destacou que as novas regras exigem o uso exclusivo de uvas cultivadas na propriedade, além de uma maior porcentagem de sangiovese, fortalecendo a identidade do vinho.
Segundo Giovanni Manetti, presidente do Consórcio do Chianti Classico, essas zonas representam uma “conquista histórica”, contribuindo para elevar os vinhos de topo, especialmente a categoria Gran Selezione. Essa categoria agora deve conter pelo menos 90% de sangiovese de vinhedos próprios, refletindo o “sense of place” ou “sentido de lugar” em cada rótulo.
Qualidade e sustentabilidade como pilares do novo Chianti
Os avanços na pesquisa de solo, clones e altitude se somam às iniciativas de sustentabilidade, que hoje fazem do Chianti uma das regiões mais certificadas na Itália. Vinícolas investem em práticas orgânicas e na preservação do ambiente, com muitas áreas já certificadas como orgânicas, além do esforço de cultivar vinhas em altitudes mais elevadas, devido às mudanças climáticas.
Para o enólogo Manfred Ing, da Querciabella, a valorização do “terroir” é evidente, e ele compara as UGAs a “um grand cru da Borgonha sem o nome no rótulo”, reforçando que as diferenças regionais deixam marcas distintas no paladar.
Os melhores vinhos de 2020 e 2021 e suas características
As novidades também se refletem na safra de 2021, considerada a melhor desde 2016 e 2019, com aromas intensos, energia vibrante e camadas frutadas complexas. Entre os destaques, estão as Gran Selezione de renomadas vinícolas, como Fontodi, Ricasoli e Antinori, cada uma com seu perfil único de acordo com a subzona de origem.
Por exemplo, a Castello di Fonterutoli e a Fontodi oferecem vinhos elegantes, de alta altitude, com aromas florais e cereja, enquanto a Antinori destaca-se pela sua linha de vinhos de vinhedos repletos de pedras brancas, que trazem minerais e notas de cereja, refletindo a variedade de terroirs dessa região.
Perspectivas futuras e valor do Chianti Classico
Essas mudanças elevam o valor do Chianti Classico, que deixa de ser visto como um vinho comum para se tornar uma coleção de referências distintas e de alta qualidade. Assim, ele se posiciona ao lado de outros ícones italianos, como Brunello di Montalcino e os Super Tuscans, com vinhos que carregam a história e o terroir da Toscana.
Além disso, a melhora na qualidade, o foco na sustentabilidade e o fortalecimento da identidade regional fazem do Chianti um vinho mais justo e respeitado. É uma oportunidade para consumidores, colecionadores e entusiastas apreciaram vinhos que representam a verdadeira essência da Toscana.