No dia 17 de agosto de 2023, a líder quilombola e ialorixá Mãe Bernadete foi assassinada em um crime que chocou a comunidade e a sociedade baiana. A violência contra Mãe Bernadete, uma defensora dos direitos humanos e da cultura quilombola, deixou um triste legado de impunidade e temor entre seus seguidores. Passados dois anos, a investigação avança com a prisão de um dos executores, mas o mandante do crime ainda segue foragido.
Os detalhes do crime em Simões Filho
O assassinato ocorreu na sede do Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. Mãe Bernadete foi atacada na presença de seus netos, mas eles, felizmente, não foram feridos durante a ação brutal. O clima de terror que se instaurou na comunidade reforçou a urgência da atuação policial e judicial na busca por justiça.
A prisão dos suspeitos
No último dia 12 de setembro, a Polícia Civil da Bahia efetou a prisão de um dos dois executores do crime, identificado como Josevan Dionísio dos Santos, que foi capturado após uma situação hostil, onde ele fez a companheira e dois filhos reféns. Outros quatro homens, já detidos anteriormente, também estão envolvidos no caso:
- Arielson da Conceição Santos: suspeito de executar Mãe Bernadete;
- Sérgio Ferreira de Jesus: acusado de receptar os celulares da líder e de seus familiares;
- Ydney Carlos dos Santos de Jesus: suspeito de auxiliar no plano;
- Carlos Conceição Santiago: suposto responsável por armazenar as armas utilizadas no crime.
Marílio dos Santos, apontado como o mandante e mentor intelectual do crime, permanece foragido, e os últimos desdobramentos indicam que ele continua a ser uma figura central nas investigações. A Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA) classifica o grupo criminoso liderado por Santos como ativo tanto em Simões Filho quanto em São Sebastião do Passé.
O impacto nas comunidades quilombolas
A comunidade quilombola de Pitanga dos Palmares, assim como outras de sua natureza, enfrentam um clima de insegurança e medo. Mãe Bernadete, que assumiu a liderança da comunidade após o assassinato de seu filho, Flávio Gabriel Pacífico, conhecido como Binho do Quilombo, era uma figura de resistência contra o tráfico de drogas e outras violências que afligem a região. O assassinato de Binho, em 2017, ainda ressoa fortemente entre os moradores que viram sua luta ser interrompida por um ciclo de mortes e impunidade.
Pelo menos dois anos após a morte de Mãe Bernadete, os desafios para a comunidade permanecem. O clamor por justiça é intenso e se manifesta nas vozes de familiares e de outros membros da comunidade que seguem esperando por uma solução definitiva para os crimes que assolaram suas vidas.
Próximos passos e expectativas da Justiça
A Justiça já determinou que tanto Marílio dos Santos quanto Arielson e Sérgio serão levados a júri popular. Apesar de seu paradeiro incerto, Marílio tem advogado constituído, o que permite que ele participe do processo judicial. As datas para os julgamentos ainda não foram estabelecidas, mas a expectativa entre os familiares de Mãe Bernadete e a comunidade é de que a Justiça seja feita.
Além disso, a defesa da família de Mãe Bernadete continua a pressão por sua localização e a investigação de possíveis outros mandantes por trás do crime. A comunidade acolhe a esperança de que, com a prisão de mais suspeitos, a verdade sobre o assassinato de Mãe Bernadete e as motivações que o cercam venham à tona.
Enquanto isso, a família tenta seguir em frente, lidando com a dor da perda e a necessidade de proteção. O estado tem mantido medidas de segurança para garantir a proteção de membros da família, mas a luta por um ambiente seguro e a resolução do caso ainda é um caminho longo e cheio de incertezas.
A memória de Mãe Bernadete e seus ensinamentos continuam a inspirar a luta por justiça e preservação da cultura quilombola, um legado que permanece vivo mesmo diante da tragédia.
Em tempo, a SSP-BA mantém um chamado à população para ajudar na localização de Marílio dos Santos, destacando sua inclusão no Baralho do Crime, um catálogo que lista os foragidos mais perigosos do estado.
