Brasil, 13 de setembro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Inflação preocupa setor de brinquedos antes do Dia das Crianças

Alta da inflação e juros afeta compras de presentes de Dia das Crianças, com expectativa de redução na oferta de brinquedos.

A cerca de um mês para o Dia das Crianças, especialistas do setor de varejo alertam que a alta da inflação e o cenário econômico incerto impactam as vendas de brinquedos. Segundo Ulysses Reis, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialista em varejo, o aumento dos preços reduz o poder de compra dos pais, que tendem a optar por presentes mais baratos.

Impactos da inflação e da economia no setor de brinquedos

De acordo com Reis, a inflação é o principal fator que deve influenciar negativamente as vendas nesta época do ano. “Com a inflação elevando, a maioria dos pais vai comprar presentes mais acessíveis, evitando gastos excessivos”, avalia. Além disso, ele aponta que a alta da taxa de juros e o aumento do desemprego também colaboram para a retração no consumo.

“Na conjuntura atual, tanto vendedores quanto consumidores se retraem, reduzindo a oferta de brinquedos e a disposição de fazer compras a crédito ou parceladas”, afirma o especialista.

Dados do varejo e a inflação oficial

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas no comércio varejista tiveram queda de 0,3% em julho, pelo quarto mês consecutivo, conforme a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). Ao mesmo tempo, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, indicou alta de 0,40% em agosto para as despesas pessoais, categoria na qual brinquedos estão incluídos.

No acumulado do ano, o IPCA já registra alta de 3,15%, enquanto os últimos 12 meses tiveram alta de 5,13%, acima do teto da meta inflacionária de 3%. Apesar disso, a PMC aponta que a categoria “outros artigos de uso pessoal e doméstico”, que engloba brinquedos, cresceu 1,5% na comparação anual, sinalizando possível retomada do setor.

Perspectivas e comportamento do consumidor

Para Synésio Costa, presidente da Abrinq — Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedo, a inflação pode afetar as vendas, mas o valor simbólico dos brinquedos para as famílias garante que muitas crianças não ficarão sem presentes, mesmo em épocas de dificuldades financeiras. “As crianças serão presentesadas, muitas vezes, por programas sociais ou com produtos mais acessíveis”, afirma.

Costa projeta que o Dia das Crianças deve representar cerca de 35% das vendas anuais do setor, que prevê crescimento de 3,5% a 5% em 2025, chegando a um faturamento próximo a R$ 12 bilhões.

Mudanças no comportamento de compra

O professor da FGV alerta que a situação econômica influencia também a preferência dos pais por produtos mais baratos e por canais de compra diferentes. “Se antes os pais tinham mais dinheiro para gastar em produtos mais caros ou importados, agora tendem a buscar opções econômicas, seja online ou em lojas de brinquedos de menor valor”, explica.

Varejo físico versus digital e tendências

Nos primeiros meses de 2025, o comércio eletrônico brasileiro atingiu faturamento superior a R$ 1 bilhão entre pequenas e médias empresas, segundo o Sebrae. A estimativa da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) é que o setor cresça cerca de 10% em 2025, chegando a R$ 234,9 bilhões, contra R$ 204,3 bilhões em 2024.

Apesar do crescimento do comércio digital, Reis destaca que a taxação de importados, conhecida como “taxa das blusinhas”, elevou o preço final, fazendo com que alguns consumidores prefiram comprar em lojas nacionais. Ainda assim, as lojas físicas continuam relevantes, especialmente para produtos de segurança para crianças menores de seis anos, que exigem maior cuidado na verificação de qualidade e segurança.

Previsões para o Natal e influência do Black Friday

O especialista explica que o desempenho durante o Dia das Crianças costuma indicar como será o comportamento de consumo no Natal. “Quando o dia das crianças é bom, aumentam as compras para o Natal, com maior oferta de produtos de maior qualidade”, afirma. Caso contrário, o mercado tende a investir em itens mais baratos e promoções de última hora.

Reis também comenta que a Black Friday funciona como um termômetro para as vendas natalinas. Muitos consumidores já fazem suas trocas e compras de presentes em novembro, aproveitando descontos. Segundo Costa, o Natal representa cerca de 30% das vendas do setor de brinquedos e ajuda a fechar o balanço do ano.

Mais informações em: Fonte: Metropoles

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes