Um homem cristão iraquiano de 45 anos, que vivia em Lyon, França, foi assassinado a facadas na noite de 10 de setembro, enquanto fazia uma transmissão ao vivo no TikTok falando sobre sua fé cristã. A vítima, identificada como Ashur Sarnaya, utilizava cadeira de rodas devido a uma deficiência e tinha fugido do Iraque em 2014 para escapar da perseguição do Estado Islâmico. O crime ocorreu enquanto ele retornava ao seu prédio, após uma sessão transmitida em redes sociais que mostrava seu testemunho religioso, revelaram fontes locais.
Motivação do ataque e perfil da vítima
De acordo com o jornal Le Progrès, Sarnaya foi abordado por um homem encapuzado e vestido de escuro, que o atingiu no pescoço com uma faca. Socorristas chegaram pouco tempo depois, por volta das 22h30, mas não conseguiram salvar-lhe. Seus familiares afirmam que ele frequentemente realizava transmissões nas redes sociais para difundir o cristianismo, embora seu conteúdo fosse frequentemente bloqueado por reports de usuários muçulmanos.
Sarnaya, que nasceu em 1979, também compartilhava testemunhos de fé em árabe e via social media relatou ter sido vítima de ataques físicos por parte de muçulmanos anteriormente. Sua irmã descreveu-o como “uma pessoa vulnerável, que nunca causou problemas”.
Investigações e hipóteses
A Procuradoria de Lyon abriu uma investigação por homicídio, atribuindo o caso à Divisão de Crimes Organizados e Especiais. Até o momento, os investigadores não priorizaram hipóteses específicas, como motivos religiosos ou políticos. Imagens de câmeras de segurança mostram um homem de roupa escura e capuz deixando o local, e a polícia trabalha com essa pista na busca pelo autor do crime.
Reação da comunidade e organizações religiosas
Organizações católicas na França manifestaram forte preocupação. Œuvre d’Orient condenou “com firmeza” o assassinato de Sarnaya, destacando a importância de os cristãos do Oriente médio poderem testemunhar sua fé sem medo. Já a SOS Chrétiens d’Orient recordou que ele havia fugido das perseguições do ISIS no Iraque e destacou a impossibilidade de um cristão refugiado ser assassinado em território francês. Sophie Pouch, representante da organização, pediu orações pela alma dele e sua família.
A irmã de Sarnaya descreveu-o como “um homem muito gentil, discreto, profundamente devoto, que gostava de falar sobre o cristianismo”. Reações políticas até o momento são limitadas, apesar de algumas figuras, como Marine Le Pen, associar o crime ao islamismo radical, criticando a imigração excessiva e a falta de segurança.
Contexto de aumento de atos anti-cristãos na França
O assassinato de Sarnaya ocorre em um momento de crescente preocupação com a escalada de atos anti-cristãos na França. Segundo dados recentes, entre janeiro e junho de 2025, foram registrados 401 incidentes contra símbolos religiosos cristãos, um aumento de 13% em relação ao mesmo período de 2024, incluindo ataques a igrejas, igrejas e estátuas de figuras religiosas.
Mais recentemente, durante uma missa na Basílica de Notre-Dame de Bon-Secours, na Bretanha, uma estátua da Virgem Maria foi incendiada por criminosos, estando a mesma objeto de ataques semelhantes em anos anteriores. Organizações católicas alertam para o crescimento da violência e do vandalismo religioso, que muitas vezes recebem pouca atenção na mídia, elevando a preocupação entre fiéis e autoridades.
Perspectivas e desafios
Autoridades francesas reforçam a necessidade de proteção às comunidades cristãs e ao patrimônio religioso. A onda de violência religiosa soma-se ao aumento de tensões sociais e políticas, refletindo a difícil convivência de diferentes religiões no país. A investigação do homicídio de Sarnaya busca esclarecer as motivações e evitar novos episódios de intolerância religiosa na França.