Uma disputa acirrada sobre o consumo de leite integral divide especialistas, governo e setores da indústria nos Estados Unidos. Divergências jurídicas e científicas ameaçam alterar as recomendações federais de nutrição, impactando escolas e consumidores.
Governo promove mudança na política de leite nas escolas
Em setembro, o governo americano, sob a administração Trump, anunciou planos de eliminar restrições ao leite integral nas escolas públicas, permitindo que os distritos ofereçam opções com gordura total. O relatório Make America Healthy Again (MAHA) deseja substituir as orientações tradicionais que limitam o consumo de gorduras saturadas, incluindo o leite integral.
A secretária do Departamento de Agricultura, Brooke Rollins, afirmou que as novas diretrizes priorizarão alimentos considerados “nutritivos e completos”, dando maior liberdade de escolha aos consumidores. Trabalhadores do governo também pretendem remover os requisitos obrigatórios de produtos com baixo teor de gordura de programas sociais.
Reação da comunidade científica e preocupações com a saúde infantil
Especialistas reagiram imediatamente contra a proposta. A Physicians Committee for Responsible Medicine solicitou que as mudanças sejam revistas para proteger a saúde cardiovascular dos jovens, alertando que sinais de colesterol elevado já ocorrem em crianças.
Dr. Neal Barnard, presidente do grupo, declarou: “O governo deveria promover menos gorduras saturadas na alimentação escolar, oferecendo alternativas não lácteas e opções à base de plantas”.
O confronto entre consenso científico e interesses econômicos
Desde 1980, as diretrizes alimentares dos EUA recomendam evitar o consumo excessivo de gorduras saturadas, associado ao desenvolvimento de doenças cardíacas. No entanto, a administração atual desafia essa visão, apoiando o consumo de gorduras naturais do leite integral.
O apoio oficial ao leite integral se alinha a uma tendência de reavaliação de crenças tradicionais na nutrição, alimentada por interesses econômicos e debates políticos sobre o que constitui uma alimentação saudável.
Impactos na saúde pública e perspectivas futuras
Analistas alertam que a mudança pode ampliar o consumo de gorduras saturadas entre crianças, potencialmente elevando riscos de doenças cardiovasculares mais cedo na vida. Ao mesmo tempo, defensores da liberdade de escolha argumentam que a diversificação de opções alimentares é fundamental para uma alimentação equilibrada.
Espera-se que a controvérsia gere novas discussões sobre as diretrizes alimentares nos próximos anos, influenciando políticas de saúde pública e a rotina de alimentação escolar em todo o país.