No Brasil, a preservação cultural é uma questão de relevância vital, especialmente em regiões ricas em história e diversidade, como o Cariri, no Ceará. Ali, os museus orgânicos desempenham um papel fundamental na conservação da memória e na promoção de vivências que celebram a ancestralidade. Entre as vozes que ecoam a importância desse patrimônio, destaca-se a de Josiel Bernardo, técnico do Sesc, que ressalta a conexão profunda com as tradições africanas e a religião que permeia o espaço.
A importância dos museus orgânicos
Os museus orgânicos se diferenciam dos museus tradicionais ao integrar a experiência direta com a cultura local. Em vez de apenas expor objetos, eles proporcionam uma imersão nas vivências e nas práticas que moldam a identidade daquela região. No Cariri, essa abordagem é ainda mais significativa, uma vez que o local abriga vestígios da história afro-brasileira, marcada pela resistência e pela luta de comunidades quilombolas.
“Um patrimônio rico de memória. E dona Maria ficou na responsabilidade de trazer de volta tudo o que se fazia naquela época dos quilombos. Pisar nesse chão é pisar na ancestralidade desse povo”, afirma Bernardo. Tais palavras revelam a importância do espaço, não apenas como um local de visitação, mas como um ponto de reflexão e reconhecimento das origens afro-brasileiras.
Vivência cultural e energia ancestral
A experiência de visitar um museu orgânico vai além da contemplação. Ao entrar em contato com esse espaço, os visitantes sentem-se imersos nas tradições que tanto influenciam a identidade cultural da região. “Aqui nós recebemos visita de todo o país, de outros países também, para pesquisar o trabalho da mestra Maria de Tiê”, revela Josiel. Essa mestra é uma referência vital na preservação das práticas culturais que, por séculos, foram transmitidas de geração em geração.
A energia sentida ao pisar naquele solo é um relato comum entre os visitantes, que vivenciam “a cultura afro em todos os fundamentos das religiões, tanto católica, de terreiro, de umbanda, tudo se faz presente nesse espaço”. Essa diversidade religiosa e cultural forma um mosaico que não apenas informa, mas também transforma a experiência dos que ali chegam.
O papel do Sesc na preservação da cultura
O Serviço Social do Comércio (Sesc) tem se mostrado um aliado essencial na preservação e promoção da cultura local. Suas atividades não se limitam apenas à gestão do espaço, mas incluem projetos que incentivam a pesquisa, a educação e a troca de saberes. A instituição atua como um verdadeiro agente de transformação social, permitindo que a história e tradições afro-brasileiras sejam reconhecidas e celebradas por novas gerações.
Além disso, o Sesc promove eventos e oficinas que reúnem mestres e representantes da cultura afro-brasileira, criando um espaço de diálogo e aprendizado para aqueles que desejam conhecer mais sobre as práticas e tradições que moldaram a identidade do Cariri.
Desafios e perspectivas futuras
Apesar do impacto positivo dos museus orgânicos e do apoio de instituições como o Sesc, os desafios de preservação cultural permanecem. É essencial continuar promovendo iniciativas que garantam a manutenção desses espaços e o fomento à cultura local. A falta de recursos e a desvalorização de tradições muitas vezes ameaçam a continuidade dessas vivências.
Contudo, as perspectivas futuras são promissoras. O crescente interesse pelo turismo cultural e a valorização da diversidade brasileira na sua pluralidade têm gerado novas oportunidades para esses museus. Com o suporte adequado, o Cariri pode se consolidar ainda mais como um polo de preservação e divulgação das riquezas culturais afro-brasileiras.
Com o engajamento de todos – moradores, turistas, instituições e o poder público – será possível não apenas resgatar, mas fortalecer a identidade e a memória dessa região rica em história e ancestralidade.
