Brasil, 12 de setembro de 2025
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Bolsonaro é condenado pelo STF por tentativa de golpe de Estado

Ex-presidente recebe pena de 27 anos e 3 meses de prisão por crimes contra a democracia e organização criminosa.

O Supremo Tribunal Federal (STF) tomou uma decisão histórica na quinta-feira ao condenar, pela primeira vez no Brasil, um ex-presidente por liderar uma tentativa de golpe de Estado. Jair Bolsonaro foi sentenciado a 27 anos e três meses de prisão por comandar uma organização criminosa que visava atacar a democracia. Além de Bolsonaro, outros sete réus, incluindo militares de alta patente e ex-auxiliares do ex-presidente, também receberam penas que variam de 2 a 26 anos de reclusão.

A decisão do STF e seus desdobramentos

Por quatro votos a um, a Primeira Turma do STF considerou que o chamado “núcleo crucial” do grupo de Bolsonaro atuou sistematicamente contra o processo eleitoral desde 2021. A tentativa de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva e os ataques violentos aos Poderes ocorridos em 8 de janeiro de 2023 foram destacados como ações que deram suporte à condenação. Essa decisão marca um momento sem precedentes na política brasileira, onde um ex-presidente é responsabilizado judicialmente por ações que ameaçaram o Estado Democrático de Direito.

Além de uma pena severa, Bolsonaro também foi multado em R$ 379 mil. Entre os outros condenados estão generais como Braga Netto, que recebeu 26 anos e 6 meses de prisão, e Augusto Heleno, com 21 anos. O ex-ministro Anderson Torres e outros membros da alta cúpula militar também enfrentaram condenações significativas. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, recebeu uma pena menor (2 anos) devido à sua colaboração com a Justiça.

Voções divergentes: a posição dos ministros do STF

Durante a sessão de quinta-feira, a ministra Cármen Lúcia, que formou a maioria, seguiu a orientação do relator Alexandre de Moraes e do ministro Flávio Dino. A visão predominante entre os ministros foi de que os réus atuaram para desestabilizar a democracia. O único voto pela absolvição veio do ministro Luiz Fux, que foi isolado em sua posição, reforçando a percepção de que a maioria da Corte estava unida contra as ações de Bolsonaro.

O presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, manifestou apoio à decisão, o que demonstra a relevância e o impacto desta condenação no cenário político nacional. A condenação se deu com base em provas robustas, que incluem depoimentos sobre tentativas de golpe, a existência de um plano golpista e a pressão exercida por Bolsonaro sobre instituições e autoridades.

Provas e argumentos apresentados

Os documentos apresentados durante o julgamento expuseram um plano progressivo de ataques às instituições democráticas. Entre as evidências, estão declarações do ex-presidente deslegitimando as urnas e um envolvimento em atividades golpistas com militares. O relator do caso, Alexandre de Moraes, destacou o papel de Bolsonaro como “o principal articulador” dessa trama, ressaltando que ele usou o cargo de presidente para propagar mentiras sobre o sistema eleitoral.

A defesa de Bolsonaro, representada pelo advogado Paulo Bueno, anunciou que pretende recorrer da decisão, buscando manter o ex-presidente em prisão domiciliar. Além disso, o advogado mencionou que o voto de Fux poderá basear recursos futuros que serão levados a cortes internacionais, levantando questões sobre direitos humanos e cerceamento de defesa.

Possíveis consequências da condenação

Com a condenação, as defesas dos réus terão o direito de apresentar “embargos de declaração” para esclarecer pontos da decisão, embora isso não altere o mérito do julgamento. Após esses recursos, poderá ser declarado o trânsito em julgado, indicando que os réus começarão a cumprir suas penas. A decisão do STF pode ter um grande impacto no futuro político do país, especialmente em relação à percepção pública sobre a legalidade das ações de autoridades e da importância da democracia.

Por fim, a defesa de Bolsonaro expressou profunda insatisfação com a decisão, reafirmando que o ex-presidente não participou de atos golpistas e que as penas impostas foram consideradas “absurdamente excessivas”. A repercussão desse caso certamente continuará a reverberar no Brasil, moldando o futuro da política nacional e o discurso democrático.

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