Brasil, 12 de setembro de 2025
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Último dia de julgamento marca defesa da democracia no STF

O julgamento da trama golpista expõe tensões e a defesa do Estado democrático, num cenário tenso entre ministros do STF.

No último dia de julgamento da trama golpista, o Supremo Tribunal Federal (STF) viveu um embate que refletiu tanto a defesa da democracia quanto as divisões internas dentro da Corte. A condenação unânime dos réus pelos quatro ministros da Primeira Turma se destacou frente à defesa polarizada proposta por Luiz Fux, que se manifestou pela absolvição de alguns dos acusados, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Na sessão, a presença de Luís Roberto Barroso, presidente da Corte, adicionou um tom solene, enriquecido por seus comentários sobre a importância do trabalho do relator, Alexandre de Moraes, considerado por Barroso um “divisor de águas na História do Brasil”.

Tensões e posições divergentes entre os ministros

Durante a sessão, a tensão foi palpável, especialmente após Fux ter se estendido em sua defesa por mais de 11 horas, algo que gerou críticas sutis, inclusive da ministra Cármen Lúcia. Em um comentário que foi interpretado como uma alfinetada, ela afirmou que não iria ler seu voto na íntegra, mostrando apreço pela agilidade nas deliberações. Com humor, Cármen Lúcia ainda ressaltou o gosto por ouvir opiniões durante os julgamentos, referindo-se à necessidade de maior participação feminina nas discussões.

Repercussão do discurso de Bolsonaro

Um momento marcante da sessão ocorreu quando Alexandre de Moraes apresentou um vídeo histórico de Jair Bolsonaro, feito no Sete de Setembro de 2021. Bolsonaro havia afirmado que, se o então presidente do STF não “enquadrasse um dos seus”, poderia enfrentar sérias consequências. Moraes não hesitou em chamar isso de “grave ameaça”, enfatizando a gravidade das declarações do ex-presidente.

O clima entre os ministros ficou mais leve com o passar do tempo. Como destacou a colunista Malu Gaspar, a movimentação de Moraes na sessão foi discutida previamente com os demais ministros como uma resposta às críticas de Fux. Dino, outro personagem central no julgamento, utilizou seu tempo para reforçar a ideia de que a narrativa do golpe atual tem mais respaldo documental do que a do golpe de 1964, provocando ainda mais debates entre os colegas.

A troca de alfinetadas e interação entre os ministros

Após Fux retornar ao plenário, chamou a atenção a interação entre ele e Dino, que iniciaram um breve diálogo, evidenciando a intensidade das discussões nos bastidores. A ministra Cármen Lúcia, ao mencionar o plano “Punhal Verde e Amarelo”, que envolvia a eliminação de autoridades, deixou implícita sua opinião crítica sobre a visão de Fux, que sustentou não haver provas suficientes para a condenação. Isso se transformou numa conversa mais informal, onde até mesmo gracejos e risos surgiram, atenuando a seriedade do ambiente.

A dinâmica do grupo mostrou-se bastante próxima durante a sessão, com elogios mútuos, incluindo um agradecimento de Fux sobre a “sobriedade” da condução dos trabalhos. O clima de camaradagem entre os ministros, mesmo com as divergências, foi símbolo de uma busca coletiva pela justiça, embora as tensões continuassem a ser palpáveis.

Um divisor de águas na História do Brasil

O impacto do julgamento é indiscutível. Após a proclamação do resultado, Barroso fez um discurso breve, mas contundente, destacando a profundidade das provas apresentadas e rechaçando a ideia de “perseguição política”. Ele também pediu um encerramento do que chamou de “ciclo do atraso, marcado pelo golpismo”, reiterando a necessidade de defender a democracia em tempos desafiadores.

O julgamento, além de expor as divisões e tensões entre os ministros do STF, serviu para reforçar a importância de um sistema judiciário independente e alerta. Ao final, o STF se apresentou como uma instituição sólida, comprometida com a defesa da democracia, mesmo em face das adversidades.

Este episódio, com suas mensagens implícitas e explícitas, não apenas marcará a trajetória do STF, mas também a construção democrática do Brasil, abrindo discussões sobre o futuro da política e da justiça no país.

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