Brasil, 12 de setembro de 2025
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Caso Beatriz: história de violência e feminicídio em Serra Negra

Beatriz Aparecida de Araújo Cruz foi assassinada após um relacionamento marcado por abusos de todas as formas, relata sua mãe.

O brutal caso de Beatriz Aparecida de Araújo Cruz, uma mulher de 31 anos que foi vítima de feminicídio em Serra Negra, São Paulo, traz à tona a realidade surrada do ciclo de violência que muitas mulheres enfrentam. A história de Beatriz, marcada por abusos físicos, psicológicos e sexuais, foi revelada por sua mãe, Roseli de Araújo, que, em desespero e tristeza, compartilha a trajetória da filha, que termina de forma trágica e inaceitável.

A relação tumultuada e os indícios de abuso

Beatriz desapareceu em 19 de abril deste ano, na véspera da Páscoa, e seu corpo foi encontrado em agosto, após a confissão do ex-marido, Thiago Fernando Monteiro. O relacionamento entre os dois começou há 14 anos, quando Beatriz tinha apenas 17 anos. Thiago, o primeiro namorado da filha, apresentou-se inicialmente como um jovem carinhoso, mas, à medida que o tempo passou, a situação se deteriorou em um ciclo de violência.

Roseli conta que começou a perceber mudanças no comportamento da filha ao longo dos anos e que só soube da verdadeira natureza do relacionamento de Beatriz em janeiro deste ano. Em uma visita à casa da filha, ela presenciou uma discussão onde Thiago agrediu Beatriz. A partir desse momento, Roseli tomou a coragem necessária para denunciar o ex-genro e buscar ajuda legal para a filha.

O terror da violência doméstica

Após a primeira briga, Beatriz conseguiu reunir coragem para relatar os abusos. Com ajuda psicológica, ela começou a escrever sobre a rotina de violência que enfrentou. Beatriz revelou que as agressões físicas começaram durante a gravidez e que o ex-marido a espancava em partes do corpo que não deixavam marcas visíveis, como as áreas íntimas. Era uma cruel rotina que também incluía abusos sexuais.

Roseli narra que sua filha se sentia obrigada a aparentar felicidade em público, mesmo após sofrer agressões. Thiago controlava cada aspecto da vida de Beatriz, manipulando suas emoções e tentando impedi-la de buscar ajuda. Ele fazia questão de que ela não se sentisse capaz de agir por conta própria, justificando seu controle constante com afirmações de que ela era “distraída”.

As tentativas de fuga e as ameaças de morte

Beatriz tentou fugir das garras do ex-marido várias vezes, mas as ameaças de Thiago sempre a alcançaram. Após uma agressão, em uma das tentativas de fuga, Thiago a seguiu e a forçou a voltar para casa, alegando que a integridade de seu filho estava em risco se ela decidisse procurar ajuda. “Ele dizia que, se ela me procurasse ou procurasse a irmã, conviveria com a minha morte nas costas,” disse Roseli, relatando o terror que a filha viveu.

Mais uma vez, após um episódio de agressão, Beatriz tentou escapar e conseguiu chegar a São Paulo, onde passou a noite na rodoviária. No entanto, o vínculo com o filho e o medo das represálias a levaram de volta para Thiago. Seu medo era justificado pela imprevisibilidade e pela agressividade cada vez maior do ex-marido.

Medidas protetivas e o desenlace trágico

Em busca de proteção, Beatriz finalmente conseguiu uma medida protetiva contra Thiago cerca de 15 dias antes de seu desaparecimento. No entanto, isso não foi suficiente para impedir que o ciclo de violência se tornasse fatal. No dia do seu desaparecimento, Beatriz estava a caminho do trabalho quando foi vista pela última vez. As investigações revelaram que o carro de Thiago estavam nas proximidades do local.

O corpo de Beatriz foi encontrado apenas em agosto, após Thiago confessar o crime. Ele alegou que a discussão no carro havia escalado para uma briga e, em um impulso, ele a feriu. Essas alegações, no entanto, não apagam os anos de abuso sistemático que Beatriz sofreu durante o relacionamento.

A luta contínua contra a violência de gênero

A tragédia que envolveu Beatriz Aparecida de Araújo Cruz é um lembrete doloroso da urgência de se combater a violência doméstica no Brasil. O caso destaca não apenas a necessidade de apoio e proteção para as vítimas, mas também a importância de educar a sociedade sobre os riscos do machismo e da cultura de violência. Roseli, em seu desespero, espera que a história de Beatriz sirva como um alerta para que outras mulheres não enfrentem o mesmo destino trágico.

“O que eu espero é que ele seja o exemplo, para que outros homens pensem duas vezes antes de colocar a mão em uma mulher,” desabafa Roseli, que luta por justiça não apenas para sua filha, mas para todas as mulheres que sofreram em silêncio.

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