Em resposta ao ataque aéreo realizado pelo Exército de Israel na terça-feira contra a liderança do Hamas em Doha, o bispo auxiliar da Diocese Patriarcal de Jerusalém para a Jordânia, Iyad Twal, afirmou que a única saída para a paz no Oriente Médio é a adoção da solução de dois Estados. Twal destacou que essa proposta, anteriormente apoiada por resoluções da ONU nos anos 1970, continua sendo a alternativa mais viável para uma convivência pacífica na região.
Condenação do ataque em Doha e apelo por paz
Twal classificou o bombardeio em Doha como “uma notícia ruim” e afirmou que “guerra em qualquer época da história é um mal grande, e continuamos a não aprender”. Segundo ele, o episódio pode prejudicar os esforços para uma resolução do conflito e representa uma violação do direito internacional. “O mundo todo deve entender que não há justiça para todos no Oriente Médio e que não podemos continuar vivendo assim”, alertou.
Solução de dois Estados e opiniões divergentes
Enquanto o bispo de Jerusalém defende a solução de dois Estados como única alternativa viável, o cardeal Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém, afirmou, em outubro de 2024, que esse caminho atualmente é “irrealista” para encerrar o conflito. “Minha impressão é que ninguém quer um conflito mais amplo, mas ninguém consegue impedir isso”, declarou Pizzaballa. Para ele, “tudo continua possível, tanto positivamente quanto negativamente”, e a antiga ideia de um acordo baseado em uma solução de dois Estados “não é mais realista atualmente”.
O impacto do ataque aéreo e o papel da religião
Em entrevista à agência de notícias pontifícia Fides, Twal comentou que o ataque em Doha é “uma má notícia” e um “grande mal” que reforça a dificuldade de se encontrar uma saída sustentável para o conflito. Ele também destacou que a violência no Oriente Médio é alimentada por fatores religiosos, afirmando que “a religião pode ser uma parte do problema ou uma parte da solução”, e que a separação entre Estado e religião, como ocorre na Europa, ainda é uma tarefa pendente na região.
O bispo ressaltou que, apesar das dificuldades, os cristãos continuam a rezar e acreditar na justiça e no amor de Deus por todos. “Convivência pacífica é possível, mesmo aqui. O desafio está em viver nossa fé com justiça, respeitando a dignidade humana”, afirmou. Twal também lembrou o papel dos jovens na promoção da paz: “A questão não é apenas de lideranças, mas de cada pessoa que busca viver a paz no coração antes de desejá-la entre as nações.”
A vida na Jordânia e o compromisso com a paz
Questionado sobre a realidade dos cristãos na Jordânia, Twal disse que o país é “uma oásis de paz”, onde o diálogo entre diferentes religiões é uma prioridade. Ele afirmou que a Igreja local se dedica a testemunhar a paz junto aos muçulmanos e aos jovens, apoiando os afetados por conflitos na Palestina e Gaza. “Quanto mais forte é nossa esperança, maior é nosso compromisso de ajudar quem sofre”, reforçou. Além disso, o bispo afirmou que a presença religiosa deve servir como elemento de paz e não de conflito, destacando a necessidade de separar religião e Estado para garantir direitos iguais e justiça para todos.
Para Twal, a atual situação exige criatividade e novas ideias, pois os acordos anteriores, incluindo a solução de dois Estados, já não parecem capazes de resolver as tensões atuais. “Precisamos de uma abordagem nova, que possa abrir caminhos diferentes para a convivência entre as nações e comunidades”, concluiu.
Mais informações podem ser consultadas na matéria original da ACI Prensa, parceira de notícias em espanhol da CNA, que foi adaptada para este conteúdo.