Na última terça-feira, 9 de setembro, a Universidade de São Paulo (USP) realizou uma tocante homenagem à estudante Bruna Oliveira da Silva, vítima de um trágico assassinato em abril deste ano. Durante uma cerimônia no campus Leste da universidade, após o primeiro Seminário sobre Feminicídio e Violência Contra as Mulheres, Bruna foi agraciada postumamente com um diploma simbólico de mestrado, em reconhecimento à sua contribuição acadêmica e ao seu legado na luta pelos direitos das mulheres.
O evento e a trajetória de Bruna
Bruna, que era formada em História pela USP, havia concluído um mestrado em História Social na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) em 2020. Com sua trajetória marcada pela busca por justiça social, ela tinha sido aprovada em um mestrado de pós-graduação em mudança social e participação política na USP Leste. Este evento foi organizado pelas Pró-Reitorias de Pós-Graduação e de Inclusão e Pertencimento, em parceria com a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH).
O diploma foi entregue aos seus pais, Simone da Silva e Florisvaldo Araújo de Oliveira, pela vice-reitora da universidade e pela ministra das Mulheres, Márcia Lopes. Emocionada, a mãe de Bruna relembrou a trajetória de luta da filha: “Ela foi tirada de nós justamente pelo que defendia: a segurança, as mulheres, a luta contra a desigualdade social. Sou muito grata a essa instituição e sei que o legado dela não vai terminar”.
O trágico assassinato
Bruna Oliveira da Silva foi abordada na saída do Terminal Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, em 13 de abril. Sua morte gerou uma onda de choque na comunidade acadêmica e nas redes sociais. O corpo da jovem foi encontrado quatro dias depois, próximo ao local de seu desaparecimento, com sinais de violência e asfixia, segundo laudos preliminares. As circunstâncias do crime levantaram questões sobre a segurança das mulheres em espaços públicos, especialmente em cidades grandes como São Paulo.
Imagens de câmeras de segurança mostraram Bruna sendo seguida antes do seu desaparecimento. A tragédia expôs a vulnerabilidade das mulheres e a urgência de discussões sobre medidas de proteção. A justiça decretou a prisão de um suspeito, cujo nome foi amplamente divulgado após uma operação de identificação com o auxílio da inteligência artificial.
Os desdobramentos do caso
Após a identificação do suspeito, Esteliano José Madureira, de 43 anos, ele foi encontrado morto, conforme reportado pela polícia. As circunstâncias de sua morte também levantaram questões sobre a violência que permeia não só as vítimas, mas também aqueles que, de alguma forma, estão envolvidos em casos de crime. O corpo de Esteliano apresentava marcas de tortura e tiros, evidenciando um triste ciclo de violência que continua a afetar a sociedade.
O impacto da morte de Bruna não se limitou apenas à comunidade acadêmica. O caso rapidamente ganhou espaço na mídia e nas discussões sociais sobre feminicídio e a segurança das mulheres. Sua mãe expressou sua dor e revolta: “Ela estudava isso e morreu exatamente como ela mais temia e como eu mais temia”. Bruna deixa também um filho de 7 anos, que será afetado por essa tragédia ao longo de sua vida.
Reflexão e legado
A homenagem realizada pela USP é um passo significativo em reconhecer não apenas a trajetória acadêmica de Bruna, mas também as questões mais amplas que seu assassinato evidencia. A luta contra o feminicídio e a violência contra as mulheres ainda é uma batalha diária em nossa sociedade. Com essa cerimônia, a universidade reforça seu compromisso contra a violência e ressalta a importância de programas de apoio e proteção às mulheres.
A diretoria da EACH lamentou a morte de Bruna, enviando os sentimentos de pesar aos familiares e amigos. O legado de Bruna continua vivo na memória de quem a conheceu e na luta que ela representava. Sua história é um lembrete doloroso, mas necessário, do que devemos enfrentar e combater em nossa sociedade.
Atos de homenagem como o da USP são cruciais para manter viva a discussão sobre a violência de gênero e a necessidade de transformação social. Somente com a união de esforços e a conscientização podemos aspirar a um futuro onde tragédias como a de Bruna não se repitam.