Em uma entrevista exclusiva, Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Episcopal do Brasil (CNBB), destaca a relevância da credibilidade da Igreja Católica e seu compromisso com a missão evangelizadora, especialmente em um Brasil marcado por polarizações.
A visita ao Vaticano
Dom Jaime esteve em Roma para cumprir uma agenda relacionada ao CELAN (Conselho Episcopal Latino-Americano). Em seus encontros com dicastérios da Cúria Romana e com o Papa, ele trouxe à tona as realidades e necessidades das igrejas locais na América Latina. “Estamos aqui para fortalecer a colaboração entre as conferências episcopais, tanto as maiores, como as do Brasil e México, quanto as menores, que precisam de apoio”, explicou.
Desafios e compromissos da Igreja
Ao abordar os novos projetos da CNBB, o arcebispo mencionou a importância da formação do clero, vida consagrada e leigos. “Acredito que podemos usar o CELAN como uma plataforma para promover essa formação, que é crucial para a missão da Igreja”, afirmou. Dom Jaime ressaltou a satisfação com uma recente pesquisa que apontou a Igreja Católica como a instituição com maior credibilidade no Brasil. No entanto, ele enfatizou que essa credibilidade vem acompanhada de uma responsabilidade maior, que deve ser exercida por todos os membros da Igreja.
A participação da Igreja na sociedade atual
Dom Jaime reconheceu o contexto delicado que o Brasil enfrenta atualmente, especialmente com as polarizações políticas e sociais. “A nossa missão como Igreja é testemunhar e anunciar o Evangelho, mas também contribuir para a paz e a reconciliação na sociedade”, ressaltou. Ele destacou que o momento é propício para que a Igreja, como um agente social, busque serenar ânimos e promover um ambiente mais harmonioso.
O papel da reconciliação
O arcebispo enfatizou a urgência do trabalho de reconciliação. “Precisamos cultivar o diálogo e a disposição de escutar uns aos outros, buscando sempre o consenso, especialmente em uma sociedade tão polarizada”, disse. Para ele, o exemplo de reconciliação pode ser encontrado nas sessões do Sínodo de 2023 e 2024 em Roma, onde a capacidade de reunir diferentes vozes e promover o entendimento mútuo foi central.
A falta de escuta na sociedade
Refletindo sobre a atual dinâmica social, Dom Jaime afirmou que, apesar de vivermos em uma era de excessiva informação, a verdadeira escuta e a promoção da consciência ainda parecem faltar. “Estamos um pouco surdos à opinião do outro, e isso dificulta o progresso. É preciso promover uma cultura de respeito e diálogo”, completou.
A importância da visão de estadistas
Finalmente, ao considerar o papel da Igreja no cenário político, Dom Jaime chamou a atenção para a necessidade de estadistas. “O Brasil precisa de pessoas que busquem o bem comum, que tenham a capacidade de olhar além de seus interesses pessoais para o futuro do país”, afirmou. Segundo o arcebispo, a Igreja deve atuar como um farol, guiando a sociedade em direção à comissão de reconciliação e entendimento.
Essa entrevista com Dom Jaime Spengler traz à luz questões cruciais sobre a missão da Igreja Católica no Brasil e seu papel como mediadora em tempos de crise. A credibilidade conquistada deve servir como um impulso para que a Igreja trabalhe cada vez mais em prol da paz e do diálogo social.
Para mais detalhes, confira a entrevista integral no site da Vatican News.