O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), manifestou sua posição em relação ao projeto de anistia destinado a réus e condenados pelos eventos de 8 de janeiro. Durante uma coletiva, Nunes afirmou que o projeto deve ser pautado na Câmara dos Deputados, mas se esquivou de emitir um juízo de valor sobre sua aprovação. Tal declaração surgiu enquanto Nunes participava de um ato bolsonarista na Avenida Paulista, no último domingo (7).
A posição do prefeito sobre a anistia
Nunes foi questionado sobre o tema durante a abertura da Expo Cristã em São Paulo. Ele enfatizou que, apesar de preferir não opinar sobre o mérito da proposta, considera inaceitável que os deputados não tenham a oportunidade de discutir a anistia. “Os deputados têm a sua prerrogativa. Eu acho que não pautar não é correto, não é justo”, disse, ressaltando a importância do direito dos representantes de votarem sobre a questão.
A manifestação ocorre em um contexto em que a Câmara dos Deputados enfrenta pressão para decidir sobre a anistia, um tema que está polarizando a opinião pública e o cenário político brasileiro. Para Nunes, o essencial é que o processo democrático seja respeitado, permitindo que a maioria do Congresso decida coletivamente sobre questões tão sensíveis.
Defesa a Tarcísio de Freitas e crítica ao STF
Além do tema da anistia, o prefeito Nunes também se manifestou em defesa ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que recentemente fez críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Nunes minimizou os ataques de Tarcísio e destacou que o governador é um dos que mais se comprometeu em dialogar com os ministros do STF, buscando a pacificação.
“Ele tem conversado com todo mundo, pedindo pacificação. Foi um dos que, nas manifestações anteriores, coordenou para que não houvesse nenhum ataque ao STF ou seus ministros”, afirmou Nunes. Sua defesa reflete um reconhecimento da tentativa do governador de construir pontes com as diversas esferas do poder, mesmo diante de um clima de tensão crescente.
Comentários sobre a segurança e a família de Bolsonaro
Durante a coletiva, o prefeito Nunes fez questão de citar o depoimento da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro a respeito das revistas diárias da Polícia Federal nos veículos da família. Nunes expressou sua preocupação com a segurança da filha de Bolsonaro, que tem apenas 14 anos e frequenta a escola. “Quando você atinge uma filha, precisamos ter um pouco de sensibilidade também”, destacou Nunes.
O prefeito acrescentou que é inaceitável observar a presença constante de policiais nas residências privadas e que esse tipo de situação requer a avaliação crítica de todos os envolvidos. Segundo Nunes, essa realidade demonstra a necessidade de um diálogo mais aberto e respeitoso entre o Estado e a população.
Interpretação do voto do ministro Luiz Fux
Por fim, o prefeito comentou o voto do ministro Luiz Fux, do STF, que absolveu Jair Bolsonaro (PL) e mais cinco réus do crime de tentativa de golpe de Estado, condenando apenas o general Braga Netto e Mauro Cid. Nunes descreveu o voto de Fux como um que possui um significativo respaldo jurídico. “O Fux é um juiz de carreira, ele é um juiz concursado, então ele faz suas colocações baseadas em seu histórico de vida, naquilo que acredita como magistrado”, comentou Nunes.
Com suas declarações, o prefeito Ricardo Nunes parece trilhar um caminho cauteloso em um cenário político acirrado, onde a manutenção do diálogo e a construção de consensos se tornam mais urgentes do que nunca. A questão da anistia e as tensões envolvendo o STF e figuras proeminentes do governo continuam a desafiar a governabilidade e a harmonia no país.