As vendas no comércio varejista brasileiro apresentaram sua quarta queda consecutiva, conforme os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (11/9). Em julho, as vendas registraram uma redução de 0,3% em comparação ao mês anterior, de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC).
Resultados e tendências de vendas
O levantamento revelou que, nos últimos quatro meses, as vendas acumularam uma perda de 1,1%. Se compararmos julho de 2024, o volume de vendas apresentou um crescimento de 1,0%, enquanto o acumulado do ano mostra um aumento de 1,7%. O total em 12 meses chegou a 2,5% de crescimento.
Cristiano Santos, gerente da pesquisa, explica que a série de quedas consecutivas indica uma perda de impulso no curto prazo. “Desde março, último mês em que houve crescimento, o setor já registrou uma queda de 1,1% no patamar de vendas”, destaca Santos. Ele acrescenta que a queda é reflexo de um fator base, considerando que março marcava o pico na série ajustada sazonalmente.
Setores com desempenho negativo e positivo
O levantamento da PMC demonstra um equilíbrio entre as taxas de queda e alta no varejo ao comparar junho com julho. Caídas significativas foram observadas em setores como equipamentos e material para escritório, que registrou uma queda de 3,1%, e tecidos, vestuário e calçados, com -2,9%. Outras categorias, como hipermercados e supermercados, também apresentaram redução de 0,3% nas vendas.
No entanto, nem todos os setores foram afetados negativamente. As vendas de móveis e eletrodomésticos cresceram 1,5%, e livros e artigos de papelaria tiveram uma alta de 1,0%. O segmento de combustíveis e lubrificantes também viu um aumento de 0,7%, enquanto artigos farmacêuticos e de perfumaria cresceram 0,6%.
O que é a PMC?
- A Pesquisa Mensal de Comércio, iniciada em janeiro de 1995, tem como objetivo produzir indicadores sobre o comportamento do comércio varejista no Brasil.
- O IBGE calcula a pesquisa monitorando a receita bruta de revenda em empresas formais, com 20 ou mais empregados, cuja atividade principal é o comércio.
- A PMC fornece dados sobre faturamento real e nominal, pessoal ocupado e salários, bem como outras remunerações.
Comércio varejista ampliado
O comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças, e materiais de construção, também mostrou um crescimento de 1,3% em julho em relação ao mês anterior, mas apresentou queda de 2,5% em comparação ao mesmo mês do ano anterior. No acumulado do ano e em 12 meses, o varejo ampliado obteve -0,2% e 1,1%, respectivamente.
Segundo Cristiano, a segmentação do cenário negativo nos últimos meses é evidente, com seis das oito atividades do varejo operando abaixo dos níveis de março. Apenas os segmentos de móveis e eletrodomésticos e o setor farmacêutico estão acima desse patamar.
Desempenho setorial dos varejos
A pesquisa revelou que em três das oito categorias analisadas houve quedas significativas.
Variações dos indicadores:
- Combustíveis e lubrificantes: 0,2%
- Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -0,3%
- Tecidos, vestuário e calçados: -2,1%
- Móveis e eletrodomésticos: 1,1%
- Artigos farmacêuticos e de perfumaria: 0,8%
- Livros, jornais e papelaria: 1,3%
- Equipamentos e material para escritório: -3,5%
- Outros artigos de uso pessoal e doméstico: -0,1%
O cenário atual sugere que, mesmo diante da diminuição da pressão inflacionária e da redução nos preços de alimentos, as vendas em setores tradicionais como hiper e supermercados não demonstram sinais de recuperação, mantendo-se inalteradas por mais de quatro meses. O setor de equipamentos eletrônicos e informática, por sua vez, apresenta a maior retração, com dois meses consecutivos de queda, refletindo a dinâmica volátil do mercado e os desafios econômicos em curso.