Nos últimos meses, Howard Lutnick, secretário de Comércio dos Estados Unidos, tem promovido uma série de ações que ampliam a influência do governo sobre o setor privado, gerando preocupações e debates no país. Essas medidas incluem a criação de um fundo estratégico e a aquisição de participações em gigantes da tecnologia e da defesa, sob a administração de Donald Trump.
Expansão do controle do governo sobre empresas brasileiras
Nas semanas anteriores, Lutnick negociou um acordo com o CEO da Intel, Lip-Bu Tan, visando transformar o governo americano no maior acionista da fabricante de chips. Segundo um vídeo divulgado nas redes sociais, Lutnick afirmou a Tan que “os Estados Unidos deveriam ter ações” nas empresas, destacando que essa postura representa o que Trump defende. O acordo foi fechado após Trump sugerir que Tan renunciasse ao seu cargo devido a ligações com empresas chinesas, o que resultou em alertas internos na gigante de tecnologia.
Investimentos e intervenções de Trump na economia americana
Desde sua posse, Trump vem adotando uma postura intervencionista com medidas que aumentam o controle do governo sobre setores estratégicos como aço, semicondutores e recursos naturais. Entre as ações, estão a compra de participações na U.S. Steel, MP Materials e a ameaça de tarifas comerciais a países como Japão, Coreia do Sul e China, além de negociações que prometem investimentos bilionários com foco na segurança nacional.
O Fundo de Segurança Nacional e Econômica
Um dos instrumentos centrais dessas ações é o recém-criado Investment Accelerator, uma iniciativa do Departamento de Comércio que funciona como um fundo de investimento voltado à ampliação da capacidade industrial dos EUA. Lutnick lidera a elaboração desse fundo, que poderá captar recursos estrangeiros e fazer participações em empresas de defesa, tecnologia e construção naval. O objetivo é fazer dinheiro para reforçar as indústrias domésticas e, potencialmente, reduzir a dívida pública americana.
Críticas e resistência interna ao intervencionismo
As ações de Lutnick despertam resistências internas na administração e entre empresários, que temem violações à legalidade e ameaças à competitividade do setor privado. Muitos executivos têm medo de fazer lobby diretamente ao governo, com receio de retaliações, o que levou alguns a comparar táticas de pressão ao estilo da máfia.
Alimentando as tensões, o governo de Trump anunciou a aquisição de participação na Intel de forma rápida, ao invés do procedimento gradual previsto, e sugeriu a possibilidade de controlar uma porcentagem das vendas de chips de inteligência artificial voltados à China, ideia que é vista como ilegal por juristas externos, devido a conflitos com regras de segurança nacional.
Reações e perspectivas futuras
Combatentes do intervencionismo, como o senador Bernie Sanders, criticaram duramente a ampliação do papel do Estado na economia, enquanto grupos empresariais expressam receio de que essas ações possam criar distorções de mercado e prejudicar a inovação. Segundo fontes próximas ao governo, há também preocupações sobre a legalidade dessas operações e sua compatibilidade com princípios tradicionais de mercado livre.
Enquanto Lutnick continua a implementar suas estratégias, autoridades como Scott Bessent, secretário do Tesouro, discutem a possibilidade de ampliar esses investimentos para setores de defesa e construção naval, além de uma possível atuação ainda mais agressiva na aquisição de participação em empresas estratégicas nos EUA e no exterior.
Para saber mais, acesse: Intervencionismo na América: como o secretário de comércio de Trump pressiona empresas privadas nos EUA