Em seu novo livro, 107 Dias, a vice-presidente Kamala Harris revela opiniões contundentes sobre a decisão de Joe Biden de concorrer à reeleição em 2024, considerando-a uma “recklessness” (irresponsabilidade) devido aos riscos envolvidos na eleição.
A decisão de Biden e as preocupações de Harris
No livro, Harris admite que achava a candidatura de Biden uma jogada “irresponsável”, especialmente por causa da idade avançada do presidente. Ela afirmou que, apesar de não achar Biden fisicamente ou mentalmente incapaz de exercer o mandato, reconhece que, com 81 anos, ele apresentava sinais de cansaço, o que tinha impacto na sua performance, como demonstrado na controvérsia do debate contra Trump em junho de 2024.
Reconhecendo a hesitação
Segundo Harris, ela refletiu se deveria ter aconselhado Biden a não disputar, mas concluiu que essa postura poderia parecer “egocêntrica” ou “desleal”. “Mas a cada oportunidade, percebo que o povo escolheu Biden antes e talvez acreditasse nele novamente”, disse, destacando que a decisão foi considerada mais coletiva do que individual.
Percepções sobre o governo e relações internas
No trecho divulgado por The Atlantic, Harris também critica a gestão na Casa Branca, especialmente a forma como sua imagem foi atacada por aliados do presidente e pela mídia. Ela cita ataques de Fox News a temas pessoais, como sua risada e sua contratação no setor de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), além da resposta lenta do staff de Biden às tentativas de defesa.
“A equipe tinha um grande time de comunicação, mas era quase impossível conseguir uma mensagem positiva ou defesa contra as versões distorcidas da minha atuação”, detalhou Harris. Ela acredita que o staff de Biden via sua visibilidade como uma ameaça à sua autoridade, e que seu sucesso como vice foi mal interpretado por serem considerados uma ameaça ao próprio Biden.
A importância da sucessora para Biden
Harris acredita que seu desempenho e visibilidade eram essenciais para reforçar a legitimidade de Biden, especialmente pelos temores relacionados à idade dele. “Se eu fizesse bem, ele também faria. Meu sucesso era um teste de seu bom julgamento na escolha de sua equipe e uma garantia de que, se algo acontecesse, o País estaria bem cuidado.”
Reflexões finais
Apesar de criticar a decisão de Biden de disputar novamente, Harris reafirma sua lealdade ao presidente. “Se eu achasse que ele não poderia ser presidente, eu teria dito. Mas, acima de tudo, minha prioridade é o país.”
Até o momento, representantes de Biden não comentaram as afirmações de Harris. O livro 107 Dias será lançado em 23 de setembro e promete trazer uma visão inédita sobre os bastidores da campanha presidencial de 2024.