Mônica Mendes, a mãe de Herus Guimarães Mendes, um jovem office-boy que perdeu a vida durante uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na favela do Santo Amaro, clama por transparência nas investigações acerca da morte de seu filho. O incidente ocorreu durante uma festa junina, e, após três meses, a dor da perda se mistura à indignação com a recente nomeação de Aristheu de Goes Lopes, o comandante do Bope à época, para o cargo de superintendente de Gestão Integrada da Polícia Militar.
Desdobramentos da investigação sobre a morte de Herus
No fim da semana em que se completou três meses da tragédia, foi confirmado que um inquérito policial militar (IPM) indiciou dois policiais envolvidos na morte de Herus, sendo que o documento já foi encaminhado ao Ministério Público junto à Auditoria de Justiça Militar. A situação gerou grande comoção e questionamentos por parte da mãe do jovem, que expressou seu desespero e a necessidade de uma posição clara das autoridades.
Em uma entrevista emotiva ao g1, Mônica declarou: “Eu imploro, eu suplico por transparência. Eu só peço que é meu por direito. Transparência no assassinato do meu filho. É só isso que eu quero.” Ela se recordou com tristeza de que Herus não tinha nenhuma passagem pelo crime e se sentiu insultada pela tentativa de rotulá-lo como traficante.
A nomeação controversa do comandante
O governador Cláudio Castro (PL) havia exonerado os comandantes do Bope e do Comando de Operações Especiais (COE) logo após a operação que resultou na morte de Herus, além de afastar outros 12 policiais. No entanto, três meses após os eventos trágicos, a nomeação de Aristheu de Goes Lopes para um novo cargo gerou revolta em Mônica, que afirmou: “Estou sangrando por dentro. Eu recebo essa nomeação como um tiro de fuzil.”
Ela enfatizou que a nomeação deveria ser impensável enquanto as investigações ainda estavam em andamento e clamou por uma resposta adequada do Estado: “É isso que o Estado e o governador estão fazendo com os pais do Herus, com o filho dele, o Theo, de 2 anos”. A dor pessoal se agrava pelo impacto na vida de seu neto, que está lidando com a ausência do pai. “O Theo teve febre emocional durante dias pela falta do pai. Ele só sabe sentir a falta do Herus”, lamentou Mônica.
O estado atual da investigação
Mesmo com o inquérito policial militar encaminhado ao MP, o relatório final da investigação ainda não foi disponibilizado no Boletim Interno da Polícia Militar. A promotoria aguarda a conclusão do inquérito da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e planeja ouvir novas testemunhas a fim de avançar nas investigações.
Até o momento, aproximadamente 12 pessoas foram ouvidas, incluindo testemunhas e familiares. A Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia (DEDIT/MPRJ) também está realizando a análise técnica dos dados coletados, incluindo a elaboração de um modelo tridimensional do cenário do crime. Essa abordagem visa assegurar que todos os detalhes sejam considerados na apuração do caso.
Detalhes do incidente na festa junina
O jovem Herus foi baleado na madrugada do dia 7 de setembro, enquanto a comunidade celebrava uma festa junina. A versão inicial da Polícia Militar afirmava que nenhum disparo havia sido realizado, mas o sargento Daniel Sousa Silva, um dos indiciados, confessou ter disparado 13 vezes em resposta a tiros de traficantes que atacaram sua equipe durante a operação.
Essa confissão contrasta com a primeira versão dos fatos, aumentando a preocupação em relação à atuação policial e à busca por justiça. O cenário da festa, que atraía visitantes de outras regiões, destaca ainda mais a inapropriada natureza da operação policial naquele momento.
Com uma série de desdobramentos e a luta por justiça em um contexto de dor e indignação, Mônica Mendes e outros familiares de Herus aguardam respostas concretas sobre a morte do jovem, clamando por transparência e um verdadeiro processo de justiça.
O caso continua a repercutir entre a população, levantando debates sobre a atuação das forças policiais no Brasil e o tratamento de questões ligadas à segurança pública, especialmente nas comunidades marginalizadas. Enquanto isso, a luta de Mônica Mendes por justiça permanecerá na memória de muitos.