No início de seu voto sobre os crimes atribuídos ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o ministro Luiz Fux reafirmou a fundamental importância de que uma condenação criminal deve ser respaldada por provas contundentes e não deve se basear em suposições ou presunções infundadas. A manifestação de Fux ocorreu durante uma sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) dedicada exclusivamente à leitura de seu voto, que aconteceu na quarta-feira, 10 de setembro.
Princípio da responsabilidade criminal
Fux destacou que sua análise se concentrou nos elementos apresentados pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo o ministro, a abordagem utilizada foi de “conduta por conduta”, enfatizando que, de acordo com a jurisprudência do STF, a “responsabilidade criminal deve ser provada acima de qualquer dúvida razoável”. Isso reflete o princípio basilar do direito penal, que garante que ninguém deve ser condenado sem a certeza da culpabilidade.
A função do juiz na investigação
Em sua manifestação, o ministro enfatizou a limitação do papel do juiz, afirmando que não cabe a ele agir como um investigador. Segundo Fux, não é responsabilidade do magistrado buscar evidências adicionais para além daquelas que foram apresentadas pela acusação. “Penso que não cabe a nenhum juiz assumir o papel de inquisidor, vasculhar mais de 70 milhões de megabytes de documentos à procura de provas que se encaixem na retórica acusatória”, declarou.
Os crimes atribuídos a Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro está sendo acusado de cinco crimes: organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Conforme a denúncia apresentada pela PGR, a organização criminosa teria atuado de julho de 2021 até 8 de janeiro de 2023, sob a liderança de Bolsonaro. Durante esse período, o grupo supostamente organizou ações que visavam a impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, eleito presidente nas eleições de 2022. A acusação descreve uma estrutura hierárquica de tarefas entre os membros do grupo, sugerindo um plano de ruptura institucional com apoio militar.
Os demais réus envolvidos
Além de Jair Bolsonaro, outras sete pessoas também estão sendo julgadas no STF, acusadas de fazer parte do que é denominado “núcleo crucial” desta suposta trama. Estes réus são apontados como co-autores das ações que, segundo a acusação, tinham como objetivo minar a estabilidade do governo eleito e a ordem democrática no país.
A importância do julgamento
O julgamento de Bolsonaro e dos demais réus é visto como um momento crucial para a democracia brasileira, em um contexto onde a integridade das instituições está em jogo. O desfecho desse caso poderá influenciar não somente o futuro político do ex-presidente, mas também a percepção pública sobre a capacidade do sistema judiciário em lidar com questões tão complexas e delicadas.
Os desdobramentos dos processos judiciais que envolvem figuras proeminentes como Jair Bolsonaro são frequentemente acompanhados com grande atenção pela população e pela mídia, refletindo a importância de garantir que a justiça seja feita de forma transparente e justa. A análise cuidadosa das provas e o respeito aos direitos constitucionais são fundamentais para a credibilidade das instituições democráticas.
Até o momento, o julgamento continua em andamento, e novos elementos poderão ser apresentados ao longo das sessões do STF, enquanto a opinião pública continua a se manifestar sobre a responsabilidade dos líderes e suas implicações para o futuro do Brasil.