Na última segunda-feira, a LZ Sports, braço do Lazuli Partners, apresentou sua proposta de compra da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Fluminense ao Conselho Deliberativo do clube. A proposta gerou uma série de questionamentos e mistérios em torno do valor dos investimentos planejados, especialmente quando se comparou o aporte inicial de R$ 500 milhões com a quantia a ser investida ao longo dos próximos 10 anos, estimada em R$ 6,4 bilhões.
A estrutura dos investimentos e as dúvidas frequentes
Com a concretização da operação, os investidores têm a obrigação de injetar R$ 250 milhões imediatamente. Um segundo aporte no mesmo valor deverá acontecer em até dois anos. No entanto, grande parte dos R$ 6,4 bilhões previstos não corresponde a “dinheiro novo”, mas sim a um aumento da arrecadação e receitas do clube, além de investimentos planejados que podem ser aplicados na formação da equipe.
As projeções financeiras e o destino dos recursos
Os R$ 500 milhões iniciais podem ser aplicados de forma estratégica, com possibilidade de garantir reforços imediatos, mesmo que o orçamento médio para contratações seja de R$ 110 milhões por ano. O desafio, contudo, reside na falta de uma delimitação clara sobre quando os valores devem ser utilizados para contratações. Além disso, o Fluminense vê com apreensão a necessidade de garantir que o gasto mínimo de R$ 625 milhões por ano seja atingido, caso contrário, os investidores poderão enfrentar a suspensão dos dividendos.
Impacto no time e na folha salarial
De acordo com o plano inicial, R$ 486,5 milhões serão alocados para a folha salarial de atletas e da comissão técnica, enquanto R$ 114 milhões estão destinados a novas contratações. O Fluminense, atualmente com uma folha salarial de R$ 19 milhões, planeja aumentar esse valor para R$ 25 milhões em 2026 e para R$ 36 milhões em 2032, buscando se aproximar dos investimentos feitos por clubes como Flamengo e Palmeiras.
A responsabilidade dos cotistas e o risco de não cumprimento
Os investidores da SAF do Fluminense não são obrigados a realizar aportes imediatos além do valor acordado, embora possam decidir investir mais, caso necessário. A integralização do valor, tanto no que tange à dívida já existente (de R$ 871 milhões) quanto ao que se espera investir em jogadores, depende da capacidade da nova gestão de incrementar as receitas. Com isso, surge a necessidade de monitoramento estreito e transparente das contas do clube.
Conclusão
As mudanças trazidas pelas SAFs no mundo do futebol brasileiro geram expectativa e ansiedade. Enquanto o Fluminense busca se afirmar no cenário esportivo, a LZ Sports e outros investidores devem se comprometer com resultados que levem a equipe a um novo patamar de competitividade. O sucesso dessa transição, no entanto, depende não apenas do aporte inicial, mas da capacidade de transformação e gestão da nova sociedade.