Entre a crescente violência e as cicatrizes deixadas pelas enchentes e terremotos que devastaram Mianmar, a irmã Naw Elsi, junto com a Igreja local, se empenha em ajudar os necessitados. “Agora, em meu país, nenhum lugar é seguro. Nos campos de refugiados falta tudo, desde água até cuidados médicos”, desabafa.
Opressão e violência em Mianmar
A irmã Naw Elsi, integrante da ordem das Irmãs Missionárias do Santíssimo Sacramento, retorna a Mianmar sempre que pode. Sua família e sua comunidade permanecem lá, enfrentando um cenário de horror, entre os confrontos do exército e de grupos armados. “Em Mianmar, nenhum lugar é seguro”, repete ela com um tom de resignação.
Quando retornou ao seu país recentemente, a irmã Elsi foi tomada pela tristeza ao ver sua cidade natal em ruínas, destruída pela guerra. Ela se recorda da sua paróquia sendo invadida por militares, um local que sempre simbolizou abrigo e esperança.
Lágrimas e desespero nas ruas
Em uma de suas visitas, a irmã Elsi presenciou o desespero de seu sobrinho, que ao sair da escola durante um ataque aéreo, buscava refúgio. “Aquela criança estava perturbada e assustada. Numa manhã de domingo, eu também percebi a seriedade do que estava acontecendo. Desta maneira, ir à missa ou à escola agora significa um risco mortal”, revela.
Abandonos dolorosos e o custo da sobrevivência
As imagens das igrejas e paróquias destruídas permanecem impressas na memória da irmã Naw Elsi. Hoje, muitas pessoas, incluindo clérigos e leigos, são forçadas a viver em deslocamento. Relatos de agressores que atacam fiéis durante as celebrações eucarísticas são alarmantes. “Encontrar um lugar seguro para rezar se torna cada vez mais difícil”, destaca a religiosa.
Além da violência sistemática, há uma verdadeira escassez de recursos: “Falta água, comida, abrigo e assistência médica. Alguns fogem para florestas, enquanto outros se arriscam e montam tendas em áreas isoladas”, afirma. Apesar da brutalidade, freiras e padres se esforçam para trazer um pouco de esperança e bem-estar às vítimas.
Caridade em meio ao sofrimento
A irmã Naw Elsi comenta sobre o espírito de solidariedade presente entre os que ainda acreditam em um futuro melhor. “Nós não apenas fornecemos alimentos, mas também nos dedicamos à educação e ao apoio psicológico. A escuta é fundamental para tentar pacificar a nação”, esclarece.
Esperança quase extinta
O suporte humanitário se torna a cada dia mais desafiador, especialmente em tempos de epidemia, desastres naturais e guerra. “Fazemos o possível, mesmo que os caminhos sejam perigosos e lamacentos”, relata a religiosa. Ela refere que, em meio à desolação, as irmãs da igreja cuidam das crianças doentes com carinho e responsabilidade.
Apesar de toda a dor e do sofrimento, a irmã Elsi continua acreditando na possibilidade de um futuro melhor: “Nossos bispos também tentam dialogar com os líderes do exército para cessar a guerra. Como nos ensina nossa fé, nunca devemos perder a esperança.”
Enquanto os desafios são imensos, o trabalho da irmã Naw Elsi e de tantos outros religiosos se torna uma luz em meio à escuridão, simbolizando a resiliência e a determinação do povo birmanês em busca de dias melhores.
Para mais informações, acesse o artigo completo.