Brasil, 11 de setembro de 2025
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Bispos africanos clamam por soluções climáticas justas e lideradas pela África

Bispos da África pedem ações comunitárias, sustentáveis e justas para combater crises ambientais, como secas, inundações e ciclones.

Membros do Symposium of Episcopal Conferences of Africa and Madagascar (SECAM) enfatizaram a necessidade de estratégias “africanas, comunitárias e justas” para lidar com as crises climáticas no continente, durante o Segundo Africa Climate Summit realizado em Addis Ababa, Etiópia, em setembro de 2025.

SOLUÇÕES CLIMÁTICAS LIDERADAS PELA ÁFRICA

Na declaração lida pelo bispo Coffi Roger Anoumou, de Benin, os bispos ressaltaram que “a Igreja Católica na África pede ações audaciosas, justas e urgentes para garantir que as soluções climáticas sejam lideradas pelo próprio continente, baseadas em suas comunidades e experiência”.

Segundo o texto, “a África não deve ser apenas destinatária de agendas externas, mas sim um arquiteto completo de seu futuro ecológico”. Os bispos destacaram ainda o valor das comunidades rurais, ricas em saberes indígenas, como laboratórios de uma ecologia integral que deve orientar o desenvolvimento sustentável.

ENERGIA RENOVÁVEL E JUSTIÇA CLIMÁTICA

Para enfrentar a crise, a Igreja apoia o uso de energias renováveis, agricultura regenerativa e tecnologias que salvaguardem a biodiversidade e respeitem o patrimônio cultural, defendem os bispos.

Além disso, ressaltaram a importância de integrar equidade social, dignidade humana e cuidado com a criação às soluções ambientais, evitando “soluções falsas” como créditos de carbono prejudiciais ou projetos extrativistas prejudiciais ao meio ambiente e às comunidades.

COMPROMISSO COM A TRANSIÇÃO JUSTA

Os líderes religiosos afirmam que a Igreja na África deve ir além de gestos de preocupação superficial, adotando mudanças substanciais. “Ainda não enfrentamos as questões com a devida coragem e compromisso”, reconhecem. “É urgente abandonar os combustíveis fósseis e investir em energias limpas de forma decisiva.”

O documento de três páginas reforça a necessidade de ampliar sistemas de energia renovável descentralizados e comunitários, especialmente solares, promovendo empregos decentes, empoderamento de mulheres e jovens, e redução da pobreza energética.

Chamada à justiça climática e financiamento sustentável

Os bispos também solicitaram que as nações ricas “reembolsem sua dívida ecológica por meio de financiamentos climáticos transparentes, acessíveis e sem compromissos de dívida adicional”. Eles defendem a operacionalização rápida dos fundos de Perdas e Danos e de Adaptação, que devem chegar às comunidades vulneráveis e fortalecer sua resiliência.

“Convocamos os líderes mundiais a reconhecerem seu dever moral e a se comprometerem com ações urgentes para proteger nosso lar comum e os mais vulneráveis”, afirmaram os bispos na declaração.

Reiteraram que a demora e as medidas paliativas apenas agravaram o sofrimento das populações africanas e comprometem o futuro de gerações, destacando a necessidade de um acordo climático que inclua compensações pelos prejuízos já sofridos, uma “justiça e solidariedade com as comunidades mais afetadas”.

Próximos passos e perspectivas

Seguindo seu compromisso, a Igreja pede a ampliação do investimento em energias limpas, especialmente solar, além de mobilizar recursos para adaptação e reparação dos danos causados às comunidades vulneráveis. Os líderes religiosos reforçam que “a expansão de energias fósseis deve cessar, dando lugar a soluções renováveis que respeitem culturas e protejam o planeta.”

Esta demanda por uma liderança autônoma, comunitária e justa reflete a urgência de mudanças profundas na abordagem das crises ambientais do continente africano, que sofre desproporcionalmente os impactos das alterações climáticas, apesar de contribuir pouco para elas, destacam os bispos.

Esta reportagem foi originalmente publicada pela ACI Africa, parceira da CNA na África, e adaptada por Catholic News Agency (CNA).

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