De acordo com fontes ouvidas pela CNN e ABC News, a administração de Donald Trump estaria avaliando a possibilidade de implementar uma proibição de armas para pessoas transgênero, após debates internos no Departamento de Justiça (DOJ). Essas discussões ocorrem no contexto de um aumento de violência, incluindo o tiroteio na prefeitura de Minneapolis, envolvendo uma mulher trans, e a preocupação com a segurança de usuários vulneráveis.
Propostas sob consideração pelo DOJ
Segundo a ABC News, funcionários do DOJ discutiram se um diagnóstico de disforia de gênero poderia levar à desqualificação de uma pessoa, com base na lei federal que restringe a posse de armas para indivíduos considerados “mentalmente defectivos” ou “julgados como perigoso”. Ainda assim, um porta-voz do DOJ afirmou que “não há propostas criminais específicas avançadas no momento” e que as avaliações visam prevenir padrões de violência associados a desafios de saúde mental e uso de substâncias.
Reações de órgãos e ativistas
A iniciativa levantou rapidamente críticas de organizações de direitos civis, como a GLAAD, que declarou: “Em vez de soluções concretas, o governo volta a culpar e perseguir uma população vulnerável. Todos têm direito de serem quem são, de segurança, e de viver livres de discriminação.” A entidade destacou que as estatísticas mostram que a maioria dos ataques em massa são cometidos por homens cisgênero, sendo que trans representariam entre 0,11% e 2% desses incidentes.
Por outro lado, o NRA, principal entidade de defesa do direito individual às armas nos EUA, emitiu uma mensagem nas redes sociais afirmando que não apoia qualquer política de proibição de armas que “arbitrariamente prive cidadãos de seus direitos constitucionais sem o devido processo”.
Visões divergentes e críticas públicas
Profissionais e ativistas argumentam que a justificativa de restringir armas trans para evitar violência é falaciosa, uma vez que a maior parte dos episódios de violência armada ocorre por indivíduos cisgênero. Mark Bryant, diretor executivo da Gun Violence Archive, revelou que, entre mais de 5.700 tiroteios em massa desde 2013, apenas cinco terem sido cometidos por pessoas trans.
Além disso, estudiosos e porta-vozes no debate lembram que a presença de trans no discurso público e na política de armas é uma distração de questões reais, como o acesso fácil às armas, a negligência na avaliação de sinais de risco, e a necessidade de leis mais rigorosas de segurança.
Histórico de políticas anti-trans na administração Trump
Desde que retomou o cargo, Trump já implementou várias ações que afetaram a comunidade trans, incluindo a declaração de que existem apenas duas gêneros, a proibição de participação de trans no serviço militar, a negação de reconhecimento de mulheres trans em museus e outras instituições.
Especialistas destacam que tais medidas reforçam o clima de hostilidade e reforçam um discurso de negação de direitos básicos, dificultando a inclusão e o reconhecimento social de pessoas transgênero.
Perspectivas e debates futuros
Especialistas afirmam que, embora as propostas de restringir armas a trans sejam altamente controversas, elas refletem um padrão de políticas que vêm provocando polarização e enfrentamentos entre grupos civis e políticos. As próximas semanas deverão definir se essas iniciativas avançam no âmbito legislativo ou permanecem no campo das discussões internas.
Assim, a questão permanece no centro de um debate mais amplo sobre direitos civis, segurança pública e a luta contra o preconceito na sociedade americana.