Brasil, 10 de setembro de 2025
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Texas proíbe a aplicação da Lei Sharia após protesto de imã

Após um imam pressionar comércios muçulmanos a pararem de vender produtos proibidos, o governador do Texas age contra a Lei Sharia.

No Texas, a recente polêmica envolvendo a Lei Sharia ganhou novos contornos. O governador Greg Abbott anunciou a proibição da aplicação dessa lei em todo o estado, após o imam F. Qasim ibn Ali Khan, do Masjid At-Tawhid, lançar uma campanha que visa pressionar lojistas muçulmanos a não venderem produtos como carne de porco, álcool e bilhetes de loteria. Essa situação levantou um importante debate sobre religiosidade, liberdade comercial e direitos civis.

A origem do conflito

Tudo começou quando um vídeo viral mostrou o imam Khan confrontando um funcionário de um comércio, acusando-o de vender produtos que são considerados ‘haram’ — ou seja, proibidos pela lei islâmica. Com isso, ele deu início a uma campanha de protesto, prometendo boicotes e manifestações em todo o país contra estabelecimentos que não respeitassem os preceitos islâmicos.

Como resposta a essa situação, o governador Abbott se manifestou em suas redes sociais dizendo: ‘Assinei leis que proíbem a Lei Sharia e os Compostos Sharia no Texas. Nenhum negócio ou indivíduo deve temer pessoas como essa.’ Ele também incentivou que qualquer tentativa de imposição da Lei Sharia fosse reportada às autoridades locais.

Reação à proibição

Em declaração, o escritório do governador enfatizou a crença do Texas em garantir direitos iguais sob a lei para todos os cidadãos. A nota também destacou que qualquer sistema legal que infrinja direitos humanos é banido no estado. Embora Abbott não tenha especificado quais leis citava, ele havia assinado uma em 2017 que proíbe juízes de aplicarem qualquer lei estrangeira, incluindo a muçulmana, nos tribunais dos EUA.

A iniciativa do imam Khan, que é associado à Nação do Islã em Houston, gerou reações adversas. O Council on American-Islamic Relations (CAIR) criticou duramente a decisão do governador, chamando-a de ‘propaganda de medo’. O grupo lembrou que ‘Sharia’ se refere ao ‘caminho para a água’, comparando-a com a Halachá judaica e a lei canônica católica. Assim, afirmaram que a prática de diálogos religiosos e atos de fé dos muçulmanos no Texas não infringe nenhuma lei.

Consequências para comerciantes muçulmanos

No vídeo polarizador, Khan deixou claro que não hesitaria em liderar um movimento de protesto nacional, ameaçando os comerciantes que não seguissem suas diretrizes. Ele expressou que ‘aqueles que se dizem muçulmanos não devem vender produtos haram em suas lojas’ e declarou um ultimato: ‘Eles têm até o final do mês para mudar seu estoque — ou se mudar para outro bairro.’

As palavras de Khan ressoam em uma comunidade muitas vezes marcada pela diversidade, mas também por tensões internas e externas. A atuação do imam traz à tona questões de identidade, fé e pertencimento, além de destacar o delicado equilíbrio entre práticas comerciais e crenças religiosas.

Liberdade de expressão e protesto pacífico

Até o momento, não há evidências de que Khan tenha quebrado alguma lei, uma vez que protestos pacíficos são protegidos pela Primeira Emenda. A sua abordagem, no entanto, é vista como uma tentativa de estabelecer e impor uma interpretação restritiva do islamismo dentro do comércio local, o que levanta questões sobre liberdade de expressão e os limites da religião na esfera pública.

O conflito no Texas não é apenas sobre a proibição da Lei Sharia, mas se desdobra em um debate maior sobre a aceitação e compreensão entre culturas e religiões diversas. Enquanto isso, fica a pergunta: como será o futuro das comunidades muçulmanas em um ambiente que pode, eventualmente, favorecer intolerâncias e divisões?

O episódio revela uma faceta complexa da sociedade americana contemporânea, onde liberdade religiosa e comércio se cruzam em um cenário de crescente polarização.

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