Teresina, 30 de janeiro de 2025
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Deportação em massa pode impactar economia dos Estados Unidos

Deportações em massa nos EUA, prometidas por Trump, podem reduzir o PIB em 8%, dizem especialistas.
Donald Trump. Foto: Casa Branca

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A política de imigração do governo Donald Trump, que inclui a promessa de deportar 11 milhões de imigrantes ilegais, está gerando impacto no setor empresarial e nos mercados financeiros dos Estados Unidos.

Economistas, estrategistas e analistas de Wall Street apontam que uma ação dessa magnitude pode ter consequências devastadoras para a economia americana, afetando desde o crescimento do PIB até a lucratividade de setores-chave que dependem da mão de obra imigrante.

Na última sexta-feira, os primeiros grupos de deportados foram enviados para o Brasil, Guatemala e El Salvador em aviões militares. Trump está levando muito a sério a questão. Mas para os especialistas, as implicações econômicas dessa política de deportação em massa podem ser mais graves do que inicialmente previsto.

O peso econômico da força de trabalho dos imigrantes

De acordo com uma análise da Bloomberg Economics, a deportação em massa de imigrantes indocumentados poderia reduzir o PIB dos Estados Unidos em 8%, uma queda drástica que causaria impactos semelhantes aos enfrentados durante a pandemia de COVID-19. Mark Malek, diretor de investimentos da gestora Siebert, afirmou:

“Se estamos falando de uma deportação rápida de 10 milhões de pessoas, acho que é justo dizer que, embora o impacto não seja na mesma escala da época da pandemia, poderia ser algo próximo disso. Isso pode ter um impacto doloroso no emprego, na inflação e na economia.”

Os setores mais vulneráveis incluem agricultura, construção e tecnologia, que contam com uma força de trabalho significativa composta por imigrantes.

Setores mais impactados

1. Construção e Varejo de Materiais

Empresas do setor de construção, como Home Depot, Lowe’s, TopBuild e Builders FirstSource, enfrentariam sérias dificuldades para preencher vagas deixadas por trabalhadores deportados. Em estados como Texas, Califórnia e Flórida, mais de 45% dos trabalhadores da construção civil são imigrantes, de acordo com dados do Jefferies.

A falta de mão de obra qualificada poderia desacelerar projetos, aumentar os custos e dificultar o crescimento do setor, especialmente em um momento de alta demanda por infraestrutura e habitação.

2. Agricultura

A agricultura, um dos setores mais dependentes de mão de obra imigrante, sofreria uma crise sem precedentes. A redução drástica da força de trabalho imigrante elevaria os custos de produção, afetando diretamente os preços de alimentos e a inflação. A escassez de trabalhadores sazonais também poderia levar à perda de safras, aumentando ainda mais os desafios para os agricultores.

3. Tecnologia

As big techs, como Amazon, Meta, Microsoft e IBM, também enfrentariam impactos, especialmente se o governo Trump seguir com planos de restringir os vistos de trabalho H-1B para profissionais altamente qualificados. Esses programas são cruciais para empresas de tecnologia, que dependem de talentos estrangeiros para preencher lacunas em áreas como engenharia de software e ciência de dados.

Embora analistas do Jefferies prevejam um impacto mínimo na lucratividade das empresas de tecnologia a curto prazo, “mudanças radicais” no programa H-1B poderiam alterar significativamente o cenário a longo prazo.

Reações de Wall Street

Apesar dos riscos potenciais, muitos investidores permanecem cautelosos em relação às declarações de Trump. A estratégia dominante é monitorar o que será efetivamente implementado, em vez de reagir a declarações que podem não se concretizar.

“Acredito que as ações reais relacionadas à imigração serão modestas. Não consigo imaginar uma situação em que as deportações e outras ações sejam tão severas a ponto de eu precisar mudar meus investimentos”, afirmou Brad Conger, diretor de investimentos da Hirtle Callaghan.

Wall Street adota uma postura de cautela, a mesma tida durante a imposição de tarifas comerciais na administração anterior, optando por esperar medidas concretas antes de ajustar suas estratégias.

Um caminho delicado

A política de imigração de Trump apresenta um dilema para a economia americana. Por um lado, ela atende às promessas feitas a sua base eleitoral. Por outro, cria instabilidade em setores cruciais que dependem da força de trabalho imigrante, direta ou indiretamente. Além disso, a medida pode agravar a inflação em um momento em que a recuperação econômica ainda enfrenta desafios significativos.

As empresas americanas, especialmente aquelas nos setores mais vulneráveis, terão que navegar por esse ambiente volátil com estratégias adaptativas. Embora os mercados estejam, por enquanto, respondendo com relativa calma, o impacto das deportações em larga escala pode se tornar inevitável caso as políticas sejam implementadas integralmente.

O avanço das políticas de deportação de imigrantes ilegais nos Estados Unidos tem o potencial de remodelar profundamente a economia do país. Enquanto a administração Trump intensifica suas ações, as empresas, os mercados e a sociedade enfrentam incertezas sobre os efeitos dessa política. Na prática, ainda não é possível calcular o impacto real sobre a economia.

O desafio de Donald Trump será encontrar um equilíbrio entre a política e a necessidade de preservar o crescimento econômico do país e a manutenção da sua estabilidade.

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