Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está apostando em uma reformulação na comunicação oficial do governo nas redes sociais. Sob a liderança de Sidônio Palmeira, o novo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), a estratégia visa adotar um tom mais informal e engajante, alinhado às tendências contemporâneas que têm marcado o sucesso de políticos como João Campos, prefeito de Recife.
A proposta não é apenas modernizar a estética da comunicação governamental, mas também fortalecer a conexão entre Lula e os cidadãos. A nova abordagem vai tentar aproximar o presidente do público, especialmente das gerações mais jovens, utilizando um estilo que privilegia a simplicidade, a leveza e a interação direta.
Sidônio Palmeira quer Lula mais descontraído nas redes sociais
Entre as principais mudanças está o uso de vídeos curtos, com efeitos sonoros e visuais marcantes, além de uma linguagem mais próxima do cotidiano das pessoas. Emojis, referências a tendências culturais e expressões populares passaram a ser incorporados nas postagens, tornando-as mais atrativas para os usuários das redes.
Resultados começam a surtir efeito
Os resultados das mudanças estratégicas na comunicação do governo já começam a aparecer. Em algumas plataformas, os conteúdos reformulados conseguiram atingir o dobro de visualizações em comparação ao formato tradicional utilizado anteriormente. Essa estratégia, além de aumentar o alcance, tem facilitado o compartilhamento das publicações, algo crucial em um ambiente digital dominado por algoritmos que privilegiam engajamento.
Sidônio Palmeira destacou que a nova abordagem busca “autenticidade” e evita a comunicação “pasteurizada”, comum em muitas contas institucionais. Segundo ele, a intenção é que os militantes do PT e os apoiadores do governo compartilhem as mensagens de forma espontânea e criativa, ajudando a amplificar a narrativa governamental.
Enfrentando a desinformação e reforçando o engajamento
Um dos objetivos centrais da nova estratégia é combater a desinformação, um desafio significativo enfrentado por governos em todo o mundo. A equipe de comunicação de Lula acredita que é possível construir uma presença sólida nas redes sociais, baseada na verdade e no apelo emocional, sem recorrer às práticas de propagação de ódio ou fake news, frequentemente associadas a campanhas de desinformação.
“A esquerda pode competir nas redes sociais de maneira eficaz, usando a verdade e a emoção, sem entrar no jogo da mentira e do ódio”, afirmou Sidônio.
O governo Lula imprime um esforço para consolidar uma base de apoio digital que seja ativa e capaz de contrabalançar narrativas adversas.
Impacto e reação à nova abordagem
Segundo analistas, o novo estilo torna as mensagens mais acessíveis e alinhadas aos hábitos de consumo de informação nas redes sociais, especialmente entre públicos mais jovens.
Entretanto, eles também apontam que a consistência será um fator determinante para o sucesso da estratégia. Embora as primeiras postagens tenham mostrado resultados positivos, será necessário manter o ritmo e garantir que o tom descontraído não comprometa a seriedade de assuntos mais complexos e institucionais.
João Campos é a referência para Lula
A referência a estratégias bem-sucedidas, como a comunicação digital adotada pelo prefeito de Recife, João Campos, demonstra a disposição da equipe de Lula em aprender com casos de sucesso. Campos, conhecido por seus conteúdos diretos e leves, conseguiu construir uma presença digital relevante e engajada, o que serve como inspiração para a Secom.
Além disso, a modernização da comunicação de Lula reflete uma mudança necessária em um cenário político onde as redes sociais desempenham um papel cada vez mais central. Desde a ascensão de figuras políticas que utilizam as plataformas como principal ferramenta de interação, a capacidade de dialogar diretamente com o público tornou-se indispensável para qualquer liderança.
Não é fácil enfrentar a direita no Brasil
Apesar dos avanços, a nova estratégia enfrenta desafios importantes. A polarização política no Brasil dificulta a construção de uma narrativa consensual, e o espaço digital ainda é dominado por disputas intensas. A direita se consolidou no uso inteligente das redes sociais para se comunicar com o eleitorado. E engaja mais.
Além disso, o governo precisará monitorar a percepção pública para evitar que o tom descontraído seja confundido com falta de seriedade em temas críticos.
Outro ponto é a necessidade de garantir que públicos de diferentes perfis tenham acesso às informações governamentais de forma clara. E o mais difícil: recuperar a confiança no governo.