Recentemente, um acontecimento único e emblemático chamou a atenção do público e de historiadores: um exemplar do jornal A Tribuna, da cidade de Santos (SP), datado de 28 de agosto de 1921, foi encontrado dentro de uma cápsula do tempo enterrada há 104 anos em um quartel do Exército, em Osasco (SP). Esse achado trouxe à tona informações preciosas sobre o contexto político da época, tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo.
O momento da descoberta
A cápsula do tempo foi selada no mesmo dia da cerimônia de abertura do 4º Batalhão de Infantaria Mecanizado (Bimec), que ocorreu em 28 de agosto de 2025, reavivando a memória de um passado que atravessou gerações. O objeto foi encontrado sob a pedra fundamental do quartel, que existe em um bosque que já abrigou a sede da fazenda de Raposo Tavares, um notório bandeirante paulista.
O capitão Leonardo Guimarães, do Bimec, explicou que a caixa de cobre continha edições de jornais significativos da época, como A Tribuna, Correio Paulistano e O Estado de São Paulo, além de moedas réis e uma ata da cerimônia original. Esses materiais estão passando por um processo de restauro para serem expostos no museu do quartel, proporcionando uma janela para o passado.
A importância histórica do exemplar encontrado
A edição de A Tribuna de 28 de agosto de 1921 não apenas trouxe notícias sobre o Brasil da época, mas também relatou eventos internacionais. Entre as informações destacadas estavam as movimentações políticas na Alemanha, a tensão no Marrocos e as agitações indígenas na Índia, revelando o quanto o mundo estava interconectado mesmo à distância.
Movimentações políticas no Brasil e no exterior
Uma das principais notícias do jornal abordou a visita do ministro da Guerra, João Pandiá Calógeras, a Osasco (SP), onde o ministro estava realizando visitas a estabelecimentos militares. Além disso, a edição também informava sobre a chegada do presidente da República, Epitácio Pessoa, a Ribeirão Preto (SP), em uma movimentação que envolveu diversos líderes políticos da época.
No cenário internacional, o jornal descrevia a crescente insatisfação na Alemanha, onde líderes de organizações operárias estavam pressionando o governo a tomar medidas drásticas contra o que chamavam de caudilhismo, um sistema de poder que resultou em conflitos violentos e assassinatos, como o do político Matthias Erzberger.
A repercussão da descoberta
A descoberta dessa cápsula do tempo é mais do que um achado arqueológico; representa um elo entre o passado e o presente. Historiadores e especialistas em patrimônio cultural destacam a importância de tais descobertas para entender os eventos que moldaram a sociedade contemporânea. O capitão Leonardo Guimarães ressaltou a relevância da cápsula para a preservação da história do Brasil e do Exército, uma vez que oferece insights sobre a época e as dinâmicas sociais e políticas vigentes.
Conexões com o passado
A cápsula do tempo também levanta questões sobre a tradição de guardar símbolos da história, como jornais, para as gerações futuras. Uma referência feita pelo major Felipe Faulstich, da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), sugere que essa prática pode ser mais comum do que se imagina, promovendo uma reflexão acerca da importância de se conectar com o que já foi vivido.
O legado do Jornal A Tribuna
A Tribuna, fundado em 26 de março de 1894, tem se mostrado um pilar da imprensa brasileira, cobrindo a trajetória do país em momentos cruciais. Desde questões políticas a eventos culturais, o jornal sempre buscou destacar a voz do povo e registrar os desafios enfrentados pela sociedade ao longo dos anos. A edição encontrada traz, além das notícias políticas, relatos sobre incidentes ao redor do mundo, como as tensões na Índia e o conflito greco-turco, mostrando que a história é sempre multifacetada e interligada.
A descoberta do exemplar do jornal A Tribuna reforça a importância de valorizar o jornalismo e a história, estimulando um maior interesse pela pesquisa e preservação dos registros do passado. Essa cápsula do tempo, com suas informações relevantes, nos lembra que a história, muitas vezes, está apenas esperando ser redescoberta.
Com toda essa riqueza de informações, é possível afirmar que a cápsula do tempo e o exemplar de A Tribuna são muito mais do que relíquias; são testemunhas de um tempo que nos ensina e nos convida a refletir sobre o presente e futuro.
