Brasil, 11 de setembro de 2025
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Etiópia inaugura maior represa hidrelétrica da África

A construção da Grande Represa do Renascimento Etíope fortalece o setor energético do país, mas reacende disputa com Egito e Sudão sobre o Nilo

Nesta terça-feira, a Etiópia inaugurará a maior represa hidrelétrica da África, uma obra que simboliza o avanço do país na produção de energia e desperta tensões regionais. A gigante represa, localizada na região de Benishangul-Gumuz, no oeste do país, promete abastecer fábricas e residências em toda a África Oriental, ao mesmo tempo em que intensifica a disputa com Egito e Sudão pelo fluxo do Rio Nilo.

Grande Repercussão e desafios diplomáticos

Com a inauguração da represa GERD (Grande Represa do Renascimento Etíope), a Etiópia busca solucionar seus problemas de energia, que afetam o setor industrial e a vida da população. Segundo o primeiro-ministro Abiy Ahmed, a obra representa o fim de anos de dificuldades e de dependência de fontes externas de energia, além de simbolizar a autonomia do país.

“A represa representa o fim da história de indigência”, afirmou Abiy Ahmed em entrevista recente. “A prosperidade da Etiópia pode ser alcançada no menor tempo possível.”

Orgulho nacional e obra monumental

Após 14 anos de obras, a GERD é vista por muitos etíopes como um símbolo de orgulho nacional. O projeto, avaliado em cerca de US$ 4,8 bilhões (R$ 27,3 bilhões), foi financiado inicialmente por títulos adquiridos pela diáspora etíope, apesar das dificuldades enfrentadas durante sua construção, que resultaram na morte de pelo menos 15 mil trabalhadores, conforme informações do ministério de Água e Energia.

A represa tem capacidade total de 5.150 megawatts, sendo que, atualmente, produz cerca de 3.400 MW. Quando concluída, a capacidade será ampliada, permitindo ao país gerar receitas de até US$ 427 milhões por ano com exportações de energia elétrica.

Disputa regional pelo controle do Nilo

Apesar do orgulho nacional, a inauguração reacende a disputa diplomática na região. Egito e Sudão, países a jusante, manifestaram rejeição à obra, alegando que ela viola o direito internacional ao alterar o fluxo do principal rio de água doce do continente, que abastece mais de 100 milhões de pessoas.

Na semana passada, ministros desses países participaram de reuniões no Cairo, reforçando preocupações quanto à segurança da represa e a riscos de vazamentos descontrolados, especialmente em anos de seca severa. “A represa representa uma ameaça contínua à estabilidade na Bacia do Nilo”, disseram os dois países em comunicado conjunto.

Negociações e futuro da gestão do rio

As negociações para um acordo vinculante sobre o uso do Nilo, que já duram anos e envolvem esforços dos Estados Unidos, dos Emirados Árabes Unidos e do Banco Mundial, continuam sem sucesso. Apesar de o projeto gerar energia suficiente para a Etiópia, há receios de que ações unilaterais possam provocar crises hídricas na região.

Perspectivas e potencial econômico

Além da questão diplomática, a GERD fortalece a economia etíope. Com a geração de 3.400 megawatts atualmente, a represa deverá alcançar sua capacidade plena de 5.150 MW, elevando as receitas de exportação e possibilitando maior independência energética. O país também mira receitas de US$ 427 milhões anuais com energia exportada até o próximo ano fiscal.

A inauguração da maior represa da África é, portanto, um marco de desenvolvimento para a Etiópia, mas requer atenção às complexidades diplomáticas na região do rio Nilo.

Fonte: O Globo

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