Brasil, 9 de setembro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

MPF investiga uso de CPF em farmácias e audiencia pública discute consequências

Ministério Público Federal investiga práticas de farmácias relacionadas ao uso de dados de CPF para conceder descontos e sua legalidade.

No contexto da proteção de dados pessoais, o Ministério Público Federal (MPF) abriu um inquérito para investigar o uso do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) por farmácias, que condicionam a concessão de descontos à apresentação desse documento. A discussão ganhou relevância após a realização de uma audiência pública nesta segunda-feira (8), onde representantes de farmácias, do Procon, da Secretaria Nacional do Consumidor e da Autoridade Nacional de Proteção de Dados se reuniram para debater o tema.

Exigência do CPF para descontos: uma prática comum

Durante a audiência, atendentes de farmácias confirmaram que, para determinados produtos, o desconto só é concedido se o consumidor informar o número do CPF. O procurador da República, Júlio Araújo, expressou preocupações a respeito da coleta desses dados. Segundo ele, o fornecimento do CPF pode estar relacionado a um histórico de saúde dos consumidores e, em última análise, resultar em consequências negativas, como a recusa em planos de saúde. “Essas informações podem ser usadas contra o consumidor, o que torna a prática arriscada”, comentou Araújo.

Resolução municipal proíbe exigir CPF nas compras

Em resposta a essas preocupações, a Prefeitura do Rio de Janeiro publicou em julho uma resolução no Diário Oficial,, estabelecendo diretrizes rigorosas para o uso de dados pessoais. A partir de agora, farmácias e drogarias não podem exigir CPF para consultas de preço, nem condicionarem descontos à apresentação desses dados. Além disso, a resolução proíbe práticas consideradas abusivas, como a solicitação de informações pessoais como requisito para a compra de produtos.

Os estabelecimentos que desrespeitarem essa resolução poderão enfrentar sanções, incluindo multas. A medida visa proteger o direito do consumidor à privacidade e à liberdade de escolha em suas compras. Essa decisão já está valendo, tendo um prazo de 60 dias para adaptação após sua publicação.

Reação da Associação do Comércio Farmacêutico

A Associação do Comércio Farmacêutico do Estado do Rio de Janeiro (Abrafarma) já se manifestou sobre a resolução, entrando com uma ação judicial para suspender a nova regulamentação. Sérgio Mena Barreto, presidente da Abrafarma, justificou que o uso do CPF é fundamental para entender os hábitos de compra dos consumidores e para a melhor gestão do estoque nas farmácias. Segundo Barreto, “a margem de lucro das farmácias é extremamente pequena; por isso, é crucial obter dados que ajudem na evolução dos negócios”.

A defesa da legalidade do uso de dados pessoais

Barreto negou alegações de que farmácias vendam dados pessoais coletados. “Não existe venda de dados, e muito menos uma sessão para finanças em função da utilização do CPF. Essas informações são utilizadas apenas no contexto do gerenciamento interno e para melhoria de serviços”, afirmou. A argumentação gerou um debate acalorado entre defensores e críticos das práticas do comércio farmacêutico, especialmente em um momento onde a proteção de dados é cada vez mais debatida e regulamentada.

A importância da proteção de dados pessoais

Com o aumento das preocupações relacionadas à privacidade, é vital que os consumidores estejam cientes de como seus dados são utilizados. A legislação recente e os debates públicos são um sinal de que há um movimento crescente em prol da proteção dos direitos dos consumidores. Profissionais, especialistas e o próprio Ministério Público estão atentos às práticas do comércio, assegurando que os direitos sejam respeitados e que a transparência seja uma prioridade para empresas em todos os setores.

Conclusão

O inquérito do MPF e a recente resolução da Prefeitura do Rio refletem uma nova postura em relação ao uso de dados pessoais no Brasil. Enquanto as farmácias buscam justificar o uso do CPF como uma ferramenta de otimização, é fundamental que um equilíbrio seja encontrado, respeitando a privacidade do consumidor e assegurando que os dados não sejam utilizados de maneira abusiva. O acompanhamento desses eventos será crucial para moldar a legislação e as práticas comerciais em relação à proteção de dados nos próximos anos.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes