O clima político no Brasil continua tenso, especialmente entre membros do governo e do Judiciário. Neste domingo, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), usou suas redes sociais para rebater declarações do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que havia feito críticas ao STF durante um ato bolsonarista na Avenida Paulista. Mendes enfatizou que o “Brasil não aguenta mais tentativas de golpe”, fazendo um apelo pela preservação da democracia e do Estado de Direito.
A defesa da democracia e os riscos de autoritarismo
No discurso, Tarcísio de Freitas, que é afiliado ao partido Republicanos, lançou críticas contundentes ao ministro Alexandre de Moraes, sugerindo que sua atuação representaria uma tirania. Ele ainda se posicionou a favor da anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e questionou as alegações e provas apresentadas contra Bolsonaro e seus aliados referentes aos atos de 8 de janeiro de 2023, chamando-as de “mentirosas”.
Em resposta, Gilmar Mendes deixou claro que o Brasil ainda está em um momento de fragilidade democrática e não pode permitir retrocessos. “O que o Brasil realmente não aguenta mais são as sucessivas tentativas de golpe que, ao longo de sua história, ameaçaram a democracia e a liberdade do povo. É fundamental que se reafirme: crimes contra o Estado Democrático de Direito são insuscetíveis de perdão!”, afirmou Mendes, reforçando a importância de defender a Constituição.
O papel do STF e o combate ao autoritarismo
Durante suas declarações, Mendes também refutou a ideia de que exista uma “ditadura da toga”, enfatizando que o STF atua como um guardião da Constituição e do Estado democrático. “Não há no Brasil ‘ditadura da toga’, tampouco ministros agindo como tiranos. O STF tem cumprido seu papel de guardião da Constituição e do Estado de Direito, impedindo retrocessos e preservando as garantias fundamentais”, escreveu Mendes.
Além disso, o ministro alertou que os verdadeiros riscos à democracia brasileira não advêm do Judiciário, mas de ações e omissões de autoridades, como a gestão da pandemia de Covid-19, as manifestações em frente aos quartéis e, principalmente, a tentativa de golpe ocorrida em 8 de janeiro. Mendes ressaltou a gravidade desses eventos, que, segundo ele, ameaçam diretamente as instituições democráticas.
Lembrando o passado para evitar o autoritarismo
Para reforçar sua argumentação, Gilmar Mendes fez uma retrospectiva do contexto histórico do Brasil, lembrando períodos críticos em que a democracia foi colocada à prova. “Se quisermos falar sobre os perigos do autoritarismo, basta recordar o passado recente de nosso país: milhares de mortos em uma pandemia, vacinas deliberadamente negligenciadas por autoridades, ameaças ao sistema eleitoral e à separação de Poderes, acampamentos diante de quartéis pedindo intervenção militar, tentativa de golpe de Estado com violência e destruição do patrimônio público, além de planos de assassinato contra autoridades da República”, destacou Mendes.
O embate entre Mendes e Tarcísio reflete um intenso debate que ocorre no cenário político brasileiro atualmente, onde as tensões entre Executivo e Judiciário se intensificam. O futuro da democracia no Brasil dependerá de um compromisso coletivo com os princípios democráticos e do respeito às instituições.
À medida que o Brasil enfrenta esses desafios, as palavras de figuras proeminentes como Gilmar Mendes se tornam fundamentais para o fortalecimento da democracia e a proteção dos direitos civis. A população e os líderes políticos devem estar vigilantes para evitar que as sombras do autoritarismo se aproxiguem novamente da nação.
Assim, o diálogo aberto e respeitoso entre diferentes segmentos da sociedade e dos poderes é crucial para avançar em direção a um Brasil mais justo e democrático.