Antes de Derek Cianfrance decidir dirigir o filme Roofman, baseado na vida do ladrão Jeffrey Manchester, buscou contato com o próprio indivíduo, que está em uma prisão de segurança máxima. Manchester, um veterano do exército, se tornou famoso na década de 1990 por roubar restaurantes de fast-food pelo telhado. A história, que estreia no Brasil em 10 de outubro, é marcada por episódios quase inacreditáveis, incluindo escapar de uma prisão e se refugiar durante meses dentro de uma loja de brinquedos em Charlotte.
O enredo verdadeiro por trás de Roofman
Manchester foi preso em 2000 após uma série de roubos a McDonald’s e outros estabelecimentos. Quatro anos depois, conseguiu escapar de uma penitenciária na Carolina do Norte, onde cumpria uma sentença de 45 anos. Durante sua fuga, se escondeu por meses em uma Toys ’R’ Us, utilizando monitores de bebê para vigiar seus arredores enquanto permanecia escondido durante o dia. A história do criminoso também inclui uma relação amorosa com uma mulher que conheceu numa igreja local, interpretada por Kirsten Dunst no filme.
O papel de Channing Tatum e a abordagem do filme
Roofman apresenta, de forma bastante criativa, os aspectos bizarros e tocantes da trajetória de Manchester, com uma performance de Tatum que mistura doçura e intensidade. O filme retrata como suas ações humanas, como pedir que funcionários de fast-food peçam suas jaquetas antes de serem trancados em freezers, revelam uma busca por conexão e estabilidade. “Ele é como uma criança de 10 anos, com todas as suas imprudências e ingenuidade”, comenta Kirt Gunn, co-roteirista do filme. A narrativa também destaca que Manchester, diante de um quadro de vulnerabilidade, buscava sustentar uma família e ser uma figura paterna, mesmo que suas ações fossem motivadas pelo desejo de prover para seus entes queridos.
Fatores de dramatização e diferenças com a realidade
Enquanto Roofman traz uma dramatização da história de Manchester, há diferenças entre a narrativa do filme e os fatos reais. Por exemplo, a namorada que aparece na história, Leigh Wainscott, não trabalhou na loja de brinquedos, e Manchester também usou uma loja de eletrônicos vazia ao lado do estabelecimento como outro esconderijo. Além disso, um personagem veterano, inspirado por um conhecido de Manchester que fornecia documentos falsificados, não é uma representação fiel de uma pessoa específica.
Impacto e expectativas do filme
O filme, que estreia em breve nos cinemas brasileiros, promete uma abordagem sensível e ao mesmo tempo humorada de uma história de fuga, esperança e fragilidade humana. Tatum consegue transformar a narrativa de um ladrão quase infantil, guiado por uma busca por afeto, em um retrato comovente de uma vida fora do padrão.
A produção, que teve sua estreia no Festival de Toronto, reforça como histórias improváveis podem refletir emoções universais e levantar questões sobre o que motiva as ações humanas, mesmo nas circunstâncias mais extremas.