Na última semana, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), intensificou suas movimentações em favor da anistia, o que elevou as possibilidades de que o assunto seja pautado no plenário da Câmara dos Deputados. Essa ação também aponta para um fortalecimento de sua posição como candidato da direita à Presidência em 2026, em um cenário político repleto de divisões e tensões.
A trajetória da anistia e seus desdobramentos
A proposta de anistia, que recebeu diferentes versões ao longo do tempo, é defendida pela ala bolsonarista desde 2023. Após enfrentar um processo de tramitação instável, a anistia nunca esteve tão próxima de uma votação real. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deve convocar os líderes partidários na próxima semana para discutir o futuro desta pauta, que diz respeito diretamente ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A expectativa é que a votação aconteça após o julgamento da trama golpista.
Tarcísio conseguiu unir diferentes forças políticas não apenas favoráveis à anistia, mas que veem a proposta como uma oportunidade de consolidar sua candidatura à presidência, em contrapartida ao nome da família Bolsonaro. Aliados do governador afirmam que ele respondeu às críticas recepcionadas de membros da família do ex-presidente sem confrontá-los abertamente. A mudança de postura observada no Congresso foi marcada por uma sinalização positiva do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que estimulou seus aliados a apoiarem a anistia proposta por Tarcísio.
O papel de Tarcísio na articulação política
Segundo representantes próximos, Tarcísio fez um cálculo político estratégico, onde seus aliados o incentivaram a “entrar em campo” neste debate crucial. Eduardo Bolsonaro, em uma mensagem para aliados, destacou a importância da movimentação, afirmando que “tudo bem” o governador trabalhar pela anistia, pois esse é o objetivo da ala bolsonarista.
Desdobramentos recentes da anistia
- 1/9: Tarcísio recebe Marcos Pereira, presidente do Republicanos, para discutir a anistia;
- 2/9: Tarcísio visita Brasília para tratar do tema durante julgamento;
- 3/9: Renovações de reuniões entre líderes dos partidos se sucedem;
- 4/9: Motta reconhece a ausência de definições claras sobre a proposta;
A pressão sobre Tarcísio cresceu nos últimos meses, especialmente após suas tentativas de intermediar diálogos com o governo dos Estados Unidos para lidar com o tarifário do ex-presidente Donald Trump. Este movimento, seguido de críticas internas, evidenciou o cuidado do governador em consolidar seu discurso e sua imagem no cenário político nacional.
Perspectivas futuras
Parlamentares do PL se mostram cautelosos em relação a elogios públicos às articulações de Tarcísio, numa tentativa de não criar atritos com Eduardo Bolsonaro, que já expressou descontentamento com o fortalecido crescimento do governador em busca do apoio popular. Essa competição interna dentro da direita destaca ainda mais a complexidade das cartas que estão sendo jogadas na mesa política em direção às eleições de 2026.
Um membro de destaque da bancada do PL na Câmara, em conversas com o Metrópoles, tentou minimizar a ideia de que a anistia trouxesse vantagens apenas para Tarcísio. Segundo ele, “não é uma anistia do Tarcísio, é uma anistia de todos”, enfatizando a necessidade de manter a unidade em um momento decisivo e conturbado.
Com um cenário voltado para a confluência de interesses e ambições políticas, a luta pela anistia pode não apenas representar a redefinição do papel de Tarcísio de Freitas, mas também ser uma peça chave na construção do xadrez eleitoral para os anos vindouros. Com o desfecho da votação da anistia, as expectativas para o futuro político do governador e, consequentemente, da direita no Brasil, podem mudar drasticamente.
