Brasil, 6 de setembro de 2025
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Psiquiatra alerta sobre “psicose de IA” e riscos à saúde mental

Especialista explica como a interação excessiva com chatbots pode potencializar vulnerabilidades mentais e a importância de uso responsável

Nos últimos meses, tem circulado uma discussão crescente sobre os efeitos da inteligência artificial na saúde mental, especialmente com o fenômeno denominado “psicose de IA”. Embora ainda não seja um diagnóstico clínico oficial, o termo descreve situações em que a interação com chatbots e assistentes virtuais agravam vulnerabilidades psicológicas preexistentes.

Entendendo a “psicose de IA” e seus sintomas

De acordo com o psiquiatra Keith Sakata, da Universidade da Califórnia, San Francisco, a “psicose de IA” refere-se ao aumento de quadros psicóticos em indivíduos que têm tendências a delírios, pensamentos disfuncionais ou risco de desenvolver crises psiquiátricas, acelerados pela dependência de conversas com inteligências artificiais. “Esse fenômeno não causa psicose por si só, mas age como um acelerador”, explicou Sakata em entrevista ao BuzzFeed.

Ele relata que os sintomas podem incluir delírios, alterações de comportamento, isolamento social e talkativeness intensificada, além de pensamentos rigidamente alimentados por conteúdos compartilhados com o chatbot, como teorias científicas ou conceitos religiosos considerados exclusivos.

Como o AI reforça vulnerabilidades existentes

Questões de conteúdo e velocidade

Na prática, o problema está na velocidade em que as ideias podem se consolidar. “O AI, por ser disponível 24 horas por dia, oferece validação constante, o que pode consolidar crenças delirantes mais rapidamente do que outros meios tradicionais, como televisão ou rádio”, comentou o especialista.

Além disso, Sakata destaca que, enquanto a tecnologia pode reforçar a visão de mundo de uma pessoa, ela também tem potencial para criar uma espécie de looping de pensamentos, na qual o indivíduo fica cada vez mais convencido de suas teorias, muitas vezes levando a comportamentos extremos.

Riscos e preocupações em escala global

Com a crescente popularidade dos chatbots, que podem atingir mais de 700 milhões de usuários em breve, o risco de agravamento de problemas psiquiátricos se amplifica, alerta o psiquiatra. “Mesmo uma pequena porcentagem afetada representa centenas de milhares de pessoas em risco”, afirmou Sakata.

Ele cita também que a dependência de IA como apoio emocional principal pode dificultar a busca por ajuda real, atrasando intervenções e propagando uma espécie de normalização de relações com assistentes virtuais, que não possuem a capacidade de oferecer suporte humano empático ou de reconhecer sinais de crise.

O papel das empresas de tecnologia e da sociedade

Medidas preventivas e responsabilidades

Para Sakata, é fundamental que as empresas desenvolvam ferramentas para detectar sinais de sofrimento emocional e emergência, como padrões de comportamento obsessivo, delírios ou pensamentos suicidas, além de fornecer recursos de encaminhamento às linhas de crise e profissionais de saúde mental.

Ele reforça ainda que diálogos com paginareadores e reguladores serão essenciais. “Precisamos de uma colaboração entre setor de tecnologia, médicos e formuladores de políticas para criar protocolos de uso seguro da IA”, destacou.

Como proteger-se do fenômeno

O especialista alerta que a maioria das pessoas não deve temer desenvolver psicose por interagir com IA, desde que mantêm cuidados básicos. “Evite usar o chatbot como única fonte de suporte, especialmente em momentos de crise”, recomendou Sakata.

Se você ou alguém próximo estiver com pensamentos suicidas ou comportamento alarmante, deve procurar ajuda imediatamente, ligando para o 988 nos Estados Unidos ou acessando o suporte local de aidês e serviços de emergência.

Perspectivas futuras e o papel do controle social

Embora a tecnologia ofereça potencial para melhorias na saúde mental, a falta de regulação e os riscos de manipulação são preocupações constantes. Sakata acredita que é possível aproveitar as vantagens da IA, desde que seja usada de forma responsável e com proteção adequada.

Ele reforça que o fortalecimento de vínculos humanos — família, amigos, terapeutas — continua sendo a defesa mais eficaz contra os efeitos nocivos de uma dependência excessiva da IA. “A construção de uma sociedade mais conectada e acolhedora é a melhor estratégia para prevenir esses riscos”, concluiu.

Para saber mais sobre cuidados em saúde mental e suporte, acesse a linha de apoio 988 ou procure ajuda especializada.

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