Na noite desta sexta-feira (5), durante um evento em São Paulo, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, fez declarações contundentes contra a proposta que busca anistiar indivíduos condenados pela tentativa de golpe de Estado e pelos atos de 8 de janeiro. Em suas palavras, o político se opôs veemente à ideia, que ele descreveu como “indulto”, referindo-se a ela como “golpismo de marcha ré”.
A defesa da democracia e inclusão
Alckmin enfatizou a importância da liberdade e da democracia como valores intrínsecos da sociedade brasileira. Ele recordou os tempos de luta contra o nazismo e o fascismo durante a Segunda Guerra Mundial, e afirmou: “Está na índole do povo brasileiro a democracia. É a democracia que promove inclusão”. A declaração ocorreu logo após o leilão do túnel que liga Santos ao Guarujá, um projeto de grande relevância para a infraestrutura do estado.
O evento também contou com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que destacou que a polarização política é parte do processo democrático, desde que não decaia para um autoritarismo. Haddad comentou: “Quando a polarização é de tipo autoritário, em que se pensa em eliminar o adversário, essa é a polarização que ninguém quer”.
Posicionamentos divergentes no governo
Em um contraste claro com as declarações de Alckmin, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, optou por permanecer em silêncio sobre a proposta de anistia e suas eventuais negociações em Brasília nesta semana. Anteriormente, Freitas já havia manifestado sua disposição em conceder indulto a Jair Bolsonaro, caso fosse eleito presidente da República. Questionado sobre as declarações do vice-presidente, ele respondeu que “só falaria sobre o túnel nesta sexta-feira”, evitando entrar na questão da anistia.
Leilão do túnel Santos-Guarujá
O leilão do túnel Santos-Guarujá resultou em uma vitória para o grupo português Mota-Engil, que fará um investimento estimado em R$ 6,8 bilhões. O projeto contará com um aporte público de até R$ 5,14 bilhões, com o investimento dividido igualmente entre o governo de São Paulo e o governo federal, enquanto o restante será bancado pela iniciativa privada. O ministro Fernando Haddad ressaltou que, apesar das divergências políticas, a parceria entre os dois níveis de governo foi essencial para a realização do leilão.
“Os dois governos deram-se as mãos para chegar até aqui e celebrar essa grande contratação. Daqui a alguns anos, vamos celebrar a inauguração dessa obra, e tantas pessoas vão ser beneficiadas. Nós vamos nos lembrar do dia de hoje, que é assim que se faz política, é assim que se constrói a democracia”, afirmou Haddad.
O ministro Silvio Costa Filho também abordou a importância do leilão, afirmando que ações como essa, ao final, beneficiam a população brasileira. “Essa convergência do governo do Estado de São Paulo com o governo federal é muito benéfica para o país”, disse.
Durante a cerimônia, o governador Tarcísio de Freitas elogiou a colaboração entre os diversos órgãos envolvidos na concretização do projeto, que promete melhorar a infraestrutura e a conectividade entre as cidades litorâneas de Santos e Guarujá. “Parabéns a quem modelou, a quem buscou tecnologia, a quem fez a diferença. Parabéns ao governo do estado de São Paulo e ao governo federal”, finalizou Freitas.
As afirmações divergentes entre os membros do governo nas áreas política e de infraestrutura ressaltam as complexidades do cenário brasileiro, onde a luta por ideais democráticos e a necessidade de parcerias construtivas coexistem.