Na última sexta-feira (5), durante um evento em São Paulo, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) fez uma crítica incisiva ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a respeito de suas declarações sobre o indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O incidente ocorreu após o leilão do túnel Santos-Guarujá, que atraiu a atenção da mídia e de políticos locais.
A declaração polêmica de Tarcísio
Tarcísio de Freitas, em entrevista ao “Diário do Grande ABC” no final de agosto, declarou que seu primeiro ato como presidente da República, caso fosse eleito, seria conceder um indulto ao ex-presidente Bolsonaro. A declaração causou repercussão e levantou suspeitas sobre um possível “acordo secreto” entre ele e Bolsonaro para garantir apoio ao governador nas eleições de 2026.
Reação de Alckmin
Durante a coletiva após o leilão, Geraldo Alckmin não hesitou em criticar a proposta de Tarcísio, afirmando que “indulto é golpismo de marcha à ré, isso é inadmissível”. Sua argumentação se baseou na ideia de que tal atitude contradiz os princípios da democracia e pode ser vista como uma manobra para enfraquecer a justiça.
Ministros do governo Lula e o indulto
Alckmin não foi o único a levantar preocupações sobre o indulto. Informações de bastidores indicam que ministros do governo Lula também acreditam em uma conivência entre Tarcísio e Bolsonaro. Essa suspeita sugere que o indulto poderia ser a moeda de troca para garantir o apoio de Bolsonaro à candidatura de Tarcísio em 2026.
Quando questionado sobre as declarações de Alckmin, Tarcísio de Freitas evitou comentar diretamente. Essa estratégia de não se posicionar pode indicar uma tentativa de afastar-se de controvérsias que poderiam comprometer sua imagem perante diferentes grupos eleitorais.
As tarifas e o impacto no Brasil
Além das polêmicas sobre o indulto, Alckmin comentou também sobre as tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos. Ele criticou a postura dos EUA em relação ao Brasil, argumentando que o aumento das tarifas não se justifica. “Imagine o seguinte: a Suprema Corte Americana abre um processo contra, por exemplo, o Barack Obama. Aí nós brasileiros falamos: ‘olha, nós não gostamos desse processo, não concordamos. Então, nós vamos aumentar tarifa?’ Não tem justificativa para isso”, afirmou Alckmin.
A resposta do governo brasileiro
Após as declarações de Trump sobre as tarifas, que ele associou aos problemas enfrentados por Bolsonaro, a certeza de Alckmin em que as políticas tarifárias dos Estados Unidos não estão relacionadas aos casos legais internos foi clara. Ele expressou a frustração de ver que pessoas estão “trabalhando contra o emprego no Brasil, contra as empresas brasileiras e, pior ainda, pagando com o dinheiro público”.
Oposição e a questão da anistia
A tensão entre os partidos também se reflete na questão da anistia. O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), manifestou que, se estivesse no Congresso, votaria contra o projeto de anistia que visa perdão a envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, envolvendo, inclusive, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Contudo, ele sugeriu que a discussão sobre a modulação das penas para aqueles que cometeram crimes menores poderia ser relevante.
“Não é momento de debater esse tema. Temos que avançar com Imposto de Renda, reforma administrativa”, acrescentou o ministro, enfatizando que o Congresso tem pautas prioritárias mais significativas a serem tratadas neste final de ano.
Conclusão
As declarações de Alckmin e Tarcísio durante o leilão do túnel Santos-Guarujá refletem o clima político conturbado no Brasil e a polarização crescente entre as lideranças partidárias. A pressão sobre as questões do indulto e anistia demonstra como a política nacional está diretamente ligada a interesses eleitorais e decisões de governança que podem impactar o futuro do país. O desenrolar dessas questões será observado de perto nos próximos meses, à medida que as eleições se aproximam.