A crise humanitária e o conflito armado em Gaza ganharam mais um capítulo controverso com as revelações de três reféns libertadas – Romi Gonen, Emily Damari e Doron Steinbrecher – que afirmaram ter sido mantidas em cativeiro em instalações administradas pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA). As denúncias destacam uma acusação já recorrente por parte de Israel: o uso de estruturas civis e humanitárias em Gaza como base para atividades militares e terroristas pelo Hamas.
Relatos das reféns
As reféns, que foram sequestradas durante os ataques devastadores de 7 de outubro de 2023, descreveram as condições em que foram mantidas. Segundo elas, os abrigos da UNRWA, projetados para proteger civis palestinos em tempos de conflito, serviram de esconderijo para o Hamas. A escolha estratégica desses locais oferecia uma proteção extra aos sequestradores, já que as Forças de Defesa de Israel (FDI) evitariam atacar instalações civis associadas à ONU, devido às implicações legais e humanitárias.
Acusações de Israel e repercussão
O governo israelense reagiu duramente, acusando a ONU de não tomar medidas contra o uso indevido de suas instalações pelo Hamas. “A ONU tem a responsabilidade de garantir que seus abrigos e escolas sejam usados para a proteção de civis, e não como bases para atividades terroristas. A falta de ação apenas perpetua o ciclo de violência e coloca vidas em risco”, declarou um representante do Ministério de Relações Exteriores de Israel.
Israel já vinha alertando sobre essa prática desde 2014, quando encontrou armamentos do Hamas armazenados em escolas administradas pela UNRWA. As recentes revelações apenas reforçam as preocupações de que essas estruturas, destinadas a oferecer proteção e assistência humanitária, estejam sendo sistematicamente exploradas pelo grupo.
Contexto do conflito
A guerra entre Israel e o Hamas, que atingiu um novo nível de intensidade desde outubro de 2023, continua causando devastação tanto em Gaza quanto em Israel. A população civil de Gaza é a mais afetada, com deslocamentos em massa, falta de acesso a serviços básicos e riscos constantes devido aos ataques aéreos e combates no terreno. O uso de instalações civis e humanitárias para fins militares apenas agrava a situação, colocando em risco tanto palestinos quanto israelenses.
Desafios para a UNRWA e a comunidade internacional
A UNRWA, que tem sido uma das principais organizações humanitárias na região, enfrenta um dilema ético e logístico. A utilização de seus abrigos pelo Hamas coloca em dúvida sua capacidade de manter a neutralidade e a eficácia no atendimento aos refugiados palestinos. “Esse incidente levanta preocupações significativas sobre como garantir a integridade de nossas operações em Gaza”, afirmou um representante da UNRWA, sob condição de anonimato.
Até agora, a ONU não tomou medidas punitivas contra o Hamas ou implementou novos protocolos para evitar a exploração de suas instalações. Essa inação tem alimentado críticas por parte de Israel e de outros membros da comunidade internacional, que pedem maior responsabilidade e transparência por parte da organização.
Implicações humanitárias e geopolíticas
O uso de instalações civis para fins militares não é apenas uma violação do direito internacional, mas também prejudica os esforços humanitários e intensifica as tensões geopolíticas na região. Além disso, a situação coloca civis palestinos em um perigo ainda maior, já que as operações militares de Israel podem atingir áreas onde estão concentradas famílias refugiadas.
